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Sonha “ter o seu próprio Consultório/negócio” de Psicologia? Leia Isto.

“Primeiro Sonhamos, a Oportunidade nós Criamos” – Júlia Vinhas

Projectarmo-nos no futuro é saudável e desejável no âmbito do design de carreira – é por isso que, para um/a Psicólogo/a, é natural e frequente que o imaginar de um dos “futuros self” possa ter uma faceta mais empreendedora e ter um espaço/negócio próprio, no âmbito da Psicologia.

Não sendo nada que não possa ser alcançado pela maioria de nós, a realidade é que, de certo modo, podemos olhar para essa ambição como correr uma maratona. É irreal pensar que uma criança, mesmo que já saiba correr, possa correr uma maratona. Mas não é descabido pensar que um dia o possa fazer, se quiser. A questão é que existe um conjunto de “tarefas” a concretizar até esse ponto, sendo que algumas requerem, até, a maturidade de um conjunto de competências. E, fazendo o paralelismo com essa metáfora, é semelhante ao que acontecerá com o “sonho de abrir o meu espaço/negócio” desde o início da carreira em Psicologia.

Tal como para correr uma maratona, é necessário não “queimar etapas”, ou seja, será importante construir a carreira ao longo de algum tempo, com passos necessários e/ou sequenciais, que nos vão preparando (a vários níveis) para chegarmos a um ponto em que estamos preparados.

Na WebTalk PsiCarreiras nº 38 “Da Ideia à Realidade em Psicologia: Como Criar um Espaço Próprio?”, a colega Júlia Vinhas, falando do seu próprio concretizar de sonho (abriu a sua própria clínica de Psicologia após 25 anos de carreira), partilha um conjunto de “requisitos” que, somados, acabam por constituir a realização de algo que um dia idealizou.

Inspirada por essa partilha, resumiria nos seguintes pontos algumas reflexões, associadas a passos sequenciais e necessários para (eventualmente) se alcançar o pretendido:

  1.  Vá com calma e tenha paciência. Sendo frequente e natural que se possa, logo desde o início da carreira, sonhar “mais alto”, é também natural e desejável que haja um conjunto de tarefas importantes a cumprir até chegarmos onde idealizamos. Alcançar o estado óptimo para avançar para altos vôos pode implicar vários anos de preparação, com muitas acções intencionais de crescimento profissional (e pessoal).
  2. Some aprendizagens. É preciso ter uma atitude activa face à aprendizagem, aceitando e compreendendo que esta tem de acontecer ao longo de toda a vida profissional. A Ciência Psicológica está em constante evolução e o mundo também. O conhecimento, além de nos permitir fazer um trabalho de maior qualidade e impacto positivo em quem ajudamos, contribui para uma maior auto-confiança. Seja a fazer formação, a receber intervisão e supervisão, ou através das experiências profissionais, por exemplo.
  3. Alargue contactos e cuide da rede profissional. Como diz um famoso provérbio africano “se quer ir rápido, vá sozinho; se quer ir longe, vá em grupo” – a rede de colegas e contactos, quando se trata da construção da carreira ao longo da vida, é fundamental.
  4. Deixe a sua marca, crie uma carteira de clientes. Se o objectivo é, ao fim de um par de décadas de carreira, ter clientes que nos procuram, que conhecem o valor do nosso trabalho, então temos de ir “construindo nome”, a nossa marca profissional tem de ser consistente e o valioso “passa a palavra” virá do impacto positivo que vamos deixando em vários momentos e contextos profissionais (e até pessoais).
  5. Reúna fundos. Além da poupança pessoal, poder explorar fontes de financiamento do projecto que queremos alavancar, é sem dúvida algo que não deve ser deixado apenas para o momento de avançar, pois pode implicar a preparação ao longo de vários anos.
  6. Experiência profissional. Procurar o aumento de responsabilidade e exigência, de forma progressiva, que nos permite desenvolver competências, dar provas do nosso valor, conhecer pessoas, alargar interesses profissionais.
  7. Planeie. Que não se deixe a ideia “no ar” e o delinear do plano apenas para a altura em que temos as restantes condições para avançar. É possível ir passando para o papel as ideias, sendo que isso ajuda a identificar “o que falta”. Tal como partilhado pela Júlia Vinhas na WebTalk, usar o modelo canvas ou fazer uma análise SWOT são boas ideias. E depois, claro, é ao longo do tempo, ir melhorando e actualizando o plano.
  8. Encontrar o “momento certo” e enfrentar o medo. E, por fim…
  9. Avançar!
    • Constituir empresa
    • Fazer a inscrição na ERS – Entidade Reguladora da Saúde (se aplicável)
    • Arranjar um/a bom/boa contabilista
    • Procurar um bom espaço (se aplicável)Contratar e sub-contratar. Constituir uma equipa técnica, definir um conjunto de serviços que poderão ser necessários, tais como apoio administrativo, limpeza, informática, manutenção, tratar de seguros, etc.
    • Investimento em materiais técnicos. Na área da psicologia, em particular, tal pode implicar o investimento em materiais e programas de intervenção, bem como provas e testes para a avaliação psicológica.

No fundo este “sonho” é um objectivo de médio/longo prazo, e só ganhamos em encará-lo como tal. Para alcançar X dentro de Y tempo, do que irei precisar? De que forma o que vou fazer hoje, na próxima semana, no próximo mês/trimestre/ano, vai contribuir para este objectivo?

Parece-me que, em suma, passa por não perder de vista o destino, aproveitando a viagem.

É, por isso, que acho da maior importância assistir a esta WebTalk, pois além de resumir passos que exemplificam o caminho que é preciso percorrer, é inspirador escutar uma colega que, com preparação e ponderação, conquistou algo com que muitos/as psicólogos/as sonham. Nesta reflexão podemos até concluir (ou reforçar a ideia prévia) que este caminho não é o que desejamos, mas não deixa de ser uma muito rica aprendizagem, e importante essa constatação.