Artigo por Joana Almeida Monteiro
Networking é o acto de criar uma rede, uma “teia” de ligações. Essas ligações são bidireccionais, envolvem relação entre pessoas e uma relação que pressupõe que haja confiança. Assim dito parece simples, e até reconhecemos a importância de investir no networking e mantermo-nos em rede, mas o facto é que, para muitas pessoas, é difícil passar à acção – há algumas barreiras para que se faça networking profissional.
Seja pela diferença de estatuto percebida na pessoa que se quer abordar, por se considerar difícil encontrar assunto de conversa ou em manter o discurso fluido, a realidade é que muitos de nós acabam por não avançar com este criar e cuidar estratégico de relações humanas que geram uma boa simbiose.
Assim, e considerando que nunca nos sentiremos plenamente preparados, propunha algumas ideias que apoiem a passagem à acção.
“Seja pela diferença de estatuto percebida na pessoa que se quer abordar, por se considerar difícil encontrar assunto de conversa ou em manter o discurso fluido, a realidade é que muitos de nós acabam por não avançar com este criar e cuidar estratégico de relações humanas que geram uma boa simbiose.”
Em termos de referencial, é importante recordar o quão necessário é, em primeiro lugar, reflectir, para só depois planear, e por fim então, executando o plano, agir. Ou seja, convém começar sobre este tema. Com isso, virão à tona algumas questões, que propunha que se pensasse com âncora em 4 ideias: Intenção, Autenticidade, Personalização e Pontos em Comum
* Intenção – convém pensarmos no que esperamos com cada relação. Sabendo nós que não temos capacidade de manter infinitas conexões com significado, teremos de ser intencionais nas que criamos ou nos esforçamos por manter. O que me leva a querer conhecer melhor a pessoa A? Porque é que gostaria de conhecer a pessoa B? (pensemos: enviar convites de conexão no LinkedIn a toda a gente que benefícios terá?)
*Autenticidade – uma das barreiras que muitos de nós encontramos é acharmos que estamos a ser “falsos”, pouco genuínos, no contacto com as pessoas. O facto de o estarmos a fazer de forma preparada não torna as coisas artificiais ou menos “verdadeiras”. O importante será que, verdadeiramente, nos conectemos com aquela pessoa em específico… o que nos leva à ideia seguinte:
*Personalização – a personalização passa por não tratarmos as pessoas de forma indiferenciada. Se, por exemplo, ao enviar um convite de conexão no LinkedIn eu enviar uma mensagem, esta ganha mais em ser personalizada (ex., “Cara Filipa, assisti à sua intervenção no evento XPTO e achei particularmente interessante a sua visão acerca do assunto Y. Também me interesso bastante pelo tema Z e gostaria que aceitasse esta conexão”) do que algo genérico (ex., não mandar qualquer mensagem, ou enviar uma genérica “Gostaria de me conectar consigo.”).
*Pontos em Comum – Se a nossa dificuldade passar por encontrar um tema de conversa, será interessante pensar que pontos em comum pode ter com a pessoa em questão. Também é Psicólogo? Também tem interesse neste tema do evento? Também acabou o Ano Profissional Júnior no mesmo ano que eu?
Assim sendo, deixava algumas pistas do que podem ser esboços de um plano, para que mais facilmente consiga passar à acção. São ideias concretas que se sugere que possam ser pontos de partida para quem se possa sentir com menos inspiração para investir nas suas redes profissionais.
- até ao fim de novembro retome contacto com 5 ex-colegas de faculdade/ ex-colegas de trabalho, psicólogos/as, com quem não fale há mais de 3 anos. Saiba como estão, o que estão a fazer profissionalmente. Conte-lhes o que está a fazer profissionalmente e qual a sua visão de carreira para os próximos 3 anos. Identifique pontos em comum e se há alguma aliança/parceria que possam fazer (ex., encaminhamento mútuo de clientes?).
- faça uma lista de pessoas para quem irá preparar uma mensagem de boas festas
- faça duas listas: uma de pessoas que já conhece mas com quem gostaria de estreitar relações. Outra de pessoas que ainda não conhece mas que gostaria de conhecer. A partir daqui poderá ser possível fazer um plano, com objectivos concretos para ir cumprindo com o que se propõe e assim passar à acção.
- Identifique interesses em comum com estas pessoas com quem irá conversar tal deverá facilitar um discurso fluido e genuíno entre ambas as partes, pois a autenticidade estará mais saliente e o entusiasmo surge naturalmente quando falamos de algo que nos interessa.
Se ficou com a sensação que isto é exequível faça por já colocar uma das sugestões em acção ainda hoje – a procrastinação não pode vencer sempre!
PS – Tive a oportunidade de partilhar com quem esteve presente na sessão “Acha que Sabe Fazer Networking”, do PsiCarreiras onSummit 2022 que decorreu no passado dia 17 de Novembro. Nestes encontros de carreira em Psicologia (esta já foi a 8ª edição!), organizamos sempre algo alusivo ao networking, incentivando assim os colegas a criar novas redes e parcerias, e promovendo assim também o reencontro entre quem já se conhece. Se não tivemos o prazer de contar com a sua participação este ano, esperamos que fique com curiosidade de participar na edição de 2023.