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Reunir Bagagem Antes de Ganhar Balanço (Parte 2)

Co-autoras: Ana Leonor Baptista e Joana Almeida Monteiro  
Com contributos de Estudantes Embaixador@s da OPP 

Este artigo é complementar ao que saiu na semana passada e que pode ser consultado aqui. 

“Career development is a lifelong process
of implementing a self-concept.”
Super, 1990 

A carreira não é apenas um conjunto de empregos, mas uma expressão contínua de quem a pessoa é e do que valoriza – o autoconceito – algo que começa na infância/adolescência e se prolonga ao longo da vida. Esse autoconceito é influenciado por experiências familiares, escolares, sociais e pessoais, e vai sendo ajustado à medida que a pessoa cresce, aprende e se relaciona com o mundo. 

Assim, “implementar o autoconceito” significa transformar quem acreditamos ser (ou queremos ser) num percurso real de vida — onde as nossas escolhas educativas, experiências extracurriculares, estágios, trabalhos e até hobbies se alinham com a nossa identidade, valores e aspirações. 

Olhando para trás, agora como psicólogas que juntas somam mais de duas décadas de experiência profissional, nós próprias reconhecemos como determinadas experiências de vida foram determinantes para as profissionais que hoje somos, para o tipo de projetos em que gostamos de nos envolver, até para a nossa forma de trabalhar. Com vivências diferentes de ser estudante, uma de nós trabalhou, outra cuidou de um familiar, uma de nós escreveu para uma revista, outra teve uma experiência de voluntariado muito marcante. Uma começou a sua carreira numa área totalmente diferente e fez uma viragem de 360º alguns anos depois, a outra descobriu cedo que as questões da carreira, da tomada de decisão a fascinavam, por testemunhar o impacto de um processo de “novas oportunidades” em alguém próximo. É indissociável pensarmos na nossa carreira sem pensarmos em nós e na “bagagem” que anda connosco.  

Pelo distanciamento que ambas já vamos sentindo em relação à “fase de estudante”, falar com elementos da comunidade estudantil pareceu-nos a forma mais prática de poder compilar algumas sugestões ou ideias do que fazer fora da universidade para crescer como futuro/a psicólogo/a: 

 
1. Voluntariado e envolvimento cívico 

  • Procurar oportunidades de voluntariado local, nacional ou internacional, dentro de temáticas e públicos-alvo de interesse e competência, mas também em áreas fora da “zona de conforto”, como forma de testar interesses e desenvolver competências novas. 
  • Estas experiências permitem, por exemplo, desenvolver a responsabilidade social, empatia e gestão emocional. 
  • Explorar mais: Corpo Europeu de Solidariedade; página do governo sobre voluntariado 

2. Experiências internacionais e interculturais 

  • Fazer cursos (ex., MOOC) 
  • Programas de intercâmbio (ex., Erasmus +
  • Estas experiências permitem o contacto com diferentes culturas, trabalho colaborativo em contexto internacional. 

3. Trabalho e experiências extracurriculares 

  • Ser trabalhador-estudante, envolver-se noutras atividades de lazer, cultura ou desportivas, tal como por exemplo: teatro, artes, fazer um interrail. 
  • Exemplo prático: criar e dinamizar um grupo de corrida denota sentido de iniciativa, e desenvolve capacidade de organização e de motivação coletiva. 
  • Estas atividades podem contribuir para o desenvolvimento pessoal, e competências como a criatividade, a capacidade para gerir e conciliar diferentes papéis de vida, bem como adaptabilidade. 

4. Formação adicional fora da Psicologia 

  • Fazer cursos e workshops em áreas complementares, tal como em áreas como a comunicação, criatividade, TIC, empreendedorismo. 

5. Apostar no networking desde cedo 

  • Construir e alimentar uma rede de contactos (família, amigos, comunidade local, colegas, professores, …) 
  • Utilizar o LinkedIn como ferramenta ativa, que permite conectar com profissionais, explorar trajetórias, procurar oportunidades, demonstrar o próprio percurso. 
  • Estas ações confrontam-nos com a importância de enfrentar o receio de “aparecer”, contactar e comunicar. 

Apesar de este ser um artigo inspirado por estudantes e provavelmente mais dirigido a estudantes, parece-nos que qualquer leitor (estudante psicólogo/a júnior ou profissional) pode beneficiar de refletir (e agir): 

  • Que experiências fora do óbvio poderia começar a valorizar? 
  • Que histórias do seu percurso pode já integrar numa carta de motivação ou até no seu perfil de LinkedIn? 
  • Que passos pode dar esta semana para se aproximar do seu “eu” profissional/ para desenvolver a sua identidade profissional desejada?