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Reunir Bagagem Antes de Ganhar Balanço (Parte 1)

Co-autoras: Ana Leonor Baptista e Joana Almeida Monteiro e  
Com contributos de Estudantes Embaixador@s da OPP 

“Vocational development begins long before an individual enters the workforce. It starts with the stories they tell themselves about who they are and what they might become.”
Savickas, 2011 

Ao longo da vida desempenhamos vários papéis em simultâneo, nunca somos só uma coisa. Ser estudante e ser profissional é também ser pessoa noutros contextos, sejam eles a família, o grupo de amigos, as relações, ou mesmo junto de outras organizações ou iniciativas em que estejamos envolvidos. 

Olhar com uma lente alargada para o que fazemos facilita a reflexão sobre a bagagem que estamos a reunir. Olhando “para fora”, podemos pensar em tudo o que já fazemos, e tornar-nos conscientes do que já sabemos fazer, do que contribui para que sejamos pessoas (e profissionais) que se distinguem, que têm um contributo especial e único a dar aos outros e ao mundo. 

Numa conversa com Estudantes Embaixador@s OPP, reunimos os seus insights acerca das atividades em que se podem envolver e como estas poderão impactar o seu futuro. Num diálogo a duas, refletimos sobre as nossas próprias experiências e o impacto dos nossos múltiplos papéis de vida nas psicólogas que somos.  

“Reunir bagagem” começa por identificar recursos, refletir sobre necessidades e decidir qual ou quais os recursos mais úteis para levarmos connosco.  

Pensando num caso em que, aparentemente, nem há especial intencionalidade em “fazer mais” além de ser estudante de Psicologia: a Laura é estudante de Psicologia, demora cerca de 3h diárias em transportes públicos a ir e vir da Instituição de Ensino Superior (IES) onde estuda. Tem a perceção de que lhe sobra pouco tempo livre, se quiser investir nos estudos. Como mora longe, prefere vir embora logo a seguir às aulas. Não está envolvida em associativismo ou outras atividades extracurriculares da sua IES. Contudo, pensando bem, há coisas que a Laura faz nos seus tempos livres que a distinguem: é tesoureira de uma associação filarmónica na localidade onde vive; toma conta dos primos pequenos a cada quinze dias; adora ler e tem um grupo informal, com alguns amigos, em que discutem o que leram mensalmente. Nestas três atividades, a Laura experimenta interesses, desenvolve competências e, por isso, desenvolve-se como pessoa (e futura profissional). Como tesoureira teve, por exemplo, oportunidade de trabalhar com excel, co-construir e acompanhar a execução do orçamento de diversos projetos, organizar eventos. Ser babysitter da família tem permitido desenvolver competências de escuta ativa, de gestão de conflitos, de organização e de relacionamento interpessoal. No “clube de leitura” tem desenvolvido competências de comunicação, bem como tem melhorado o seu inglês porque há alturas em lê nesse idioma. 

Um dos insights mais marcantes da conversa que tivemos com Estudantes Embaixador@s foi a importância da intencionalidade. Envolvermo-nos em atividades não basta por si só – importa refletir sobre o que aprendemos com elas. Em princípio, as experiências não valem por si só, mas são valorizadas numa narrativa coerente sobre o nosso percurso e sobre o ganho de competências e aprendizagem. 

Assim, desafiamos desde já o leitor a responder a algumas perguntas (quer seja estudante, psicólogo/a júnior ou profissional): 

  • Que atividades realiza fora do curso/trabalho que o fazem crescer como pessoa? 
  • Que competências está a desenvolver sem te dares conta? 
  • Quando os outros o/a descrevem, o que salientam? 
  • Se estivesse numa entrevista, como traduziria essas experiências em exemplos concretos de “saber fazer” ou em contribuições concretas para terceiros? 

 
Leia a continuação deste artigo na Parte 2, que será publicada na próxima semana.