Artigo por Edite Queiroz
A Geração Z é definida como o conjunto de pessoas nascidas, em média, entre a segunda metade dos anos 1990 até 2010 – ou seja, que têm, hoje, menos de 30 anos. Sendo a primeira geração de nativos/as digitais, esta é, talvez, a sua característica mais marcante: a Geração Z tem pouca ou nenhuma memória de um mundo sem Internet, smartphones e redes sociais. Quase metade passa, diariamente, cerca de 10 horas ou mais on-line, comportamento que molda todos os aspectos da sua vida, inclusive, a relação com o trabalho.
“Os estudos que observam como os Gen Zers pensam e agem mostram que o contexto em que nasceram e cresceram – um mundo globalizado, tecnológico e com problemas transversais (uma crise financeira global, incerteza económica e política, uma crise climática e, mais recentemente, uma pandemia e a guerra) – influenciou a forma como forjaram a sua personalidade e se adaptaram ao mundo.”
Do ponto de vista laboral, esta geração enfrenta (tal como os Millennials, que a precederam), um contexto de grande insegurança e precariedade. Mas tal não a impede de ter expectativas elevadas face ao trabalho. Os estudos que observam como os Gen Zers pensam e agem mostram que o contexto em que nasceram e cresceram – um mundo globalizado, tecnológico e com problemas transversais (uma crise financeira global, incerteza económica e política, uma crise climática e, mais recentemente, uma pandemia e a guerra) – influenciou a forma como forjaram a sua personalidade e se adaptaram ao mundo. É uma geração multicultural, altamente escolarizada, ambiciosa e empreendedora, mas também realista e consciente, assumindo, por exemplo, hábitos mais sustentáveis de consumo, uma maior mobilidade geográfica ou as vicissitudes da sua insegurança financeira (por exemplo, a dificuldade de comprar casa própria). É ainda mais propensa a relatar problemas de Saúde Psicológica, mas também a que mais facilmente procura ajuda. É possível que tal se deva às suas circunstâncias, mas também a níveis mais elevados de Literacia em Saúde Psicológica que as gerações anteriores, o que a leva a ponderar, de forma mais imediata, as características do trabalho com impacto na Saúde Psicológica.
Em Junho de 2022, um artigo da BBC Worklife referia-se à Geração Z, a mais jovem no mercado (grande parte, ainda em formação), como a geração de “Trabalhadores/as que tudo querem”: Melhores salários, maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, maior flexibilidade (por exemplo, para trabalhar remotamente), um maior compromisso para com causas sociais. O artigo refere ainda que esta geração está disposta a afastar-se do trabalho, encontrando outros meios de subsistência, caso as suas aspirações não sejam atendidas. Dito de outra forma, procuram ocupações com significado, alinhadas com os seus valores e objectivos de vida. Este panorama representa uma enorme mudança de atitude e marca uma transformação profunda no mundo do trabalho, já que, até 2025, a Geração Z representará 27% da força de trabalho nos países da OCDE e um terço da população do planeta.
Os benefícios de práticas organizacionais que promovam a flexibilidade, a satisfação laboral e a Saúde são transversais a qualquer geração de trabalhadores/as. Mas não passarão despercebidos à Geração Z – que, estando altamente motivada para encontrar o emprego dos seus sonhos e oportunidades para aprender, expandir competências e ter novas experiências, valoriza o bem-estar sobre o dinheiro, acumula diferentes ocupações e acredita que mudará de emprego com frequência. Porém, esta geração não está em “guerra contra o trabalho”; está disposta a trabalhar, desde que nas condições certas. Estes/as trabalhadores/as valorizam a comunicação e diálogo aberto com a liderança e dela esperam ética, justiça e responsabilidade nomeadamente, um maior apoio à Saúde Psicológica.
Neste contexto, a tarefa de criação e manutenção de Locais de Trabalho Saudáveis reveste-se de importância vital para o futuro do trabalho, onde a acção dos Psicólogos e Psicólogas é indispensável. Partindo da evidência científica e do nosso conhecimento privilegiado do comportamento humano, somos os/as profissionais preparados/as para avaliar e prevenir os riscos psicossociais, promover culturas organizacionais flexíveis e abraçar o compromisso com a valorização das pessoas, da sua Saúde e do seu Bem-Estar – nomeadamente, priorizando a prevenção e a promoção da Saúde Psicológica, bem como metas de responsabilidade social, como a inclusão, a igualdade e a diversidade no local de trabalho, o combate à pobreza ou a mudança climática. Estes aspectos possibilitarão captar as competências únicas dos Gen Zers, a força de trabalho do futuro, considerando as suas particularidades, expectativas, prioridades e aspirações.