Sabem aquele fenómeno em que quase toda a gente – com idade para tal – se recorda do que estava a fazer no dia 11 de setembro, aquando do ataque às torres gémeas em Nova Iorque?
Sinto que, à sua escala e sem comparar o evento em si, algo semelhante se passará com o apagão de eletricidade vivido no passado dia 28 de abril.
Não vos maço com a partilha do meu dia, até porque já muito foi escrito e dito. Tanto na rádio, como nos dias seguintes nas redes sociais e televisão multiplicaram-se os testemunhos: teorias da conspiração, partilhas emocionais, reflexões, pessoas que conseguiram identificar benefícios no inesperado e outras tantas que lidaram com situações difíceis e complicadas. A verdade é que ninguém ficou indiferente!
Situações inesperadas, sobretudo quando estão fora do nosso controlo, podem ser frequentemente geradoras de stress. Quanto maior for o nosso nível de bem-estar, maior será a probabilidade de conseguirmos lidar com eventos imprevisíveis.
Apesar de muito já ter sido escrito acerca da importância do autocuidado, regresso a este tema nesta fase, por ter sentido, que sobre os psicólogos recai a expectativa de uma resposta irrepreensível nestas situações. Como se, por sermos psicólogos, deixássemos de ser pessoas, de ter vulnerabilidades, dúvidas ou momentos difíceis.
Assim, e embora não seja novidade, relembro algumas práticas de autocuidado, que podem ser (re)implementadas. Na esperança que haja por aí alguém que anda a adiar esse compromisso consigo mesmo/a e encontre aqui o impulso necessário para começar:
- A prática de exercício físico – seja uma caminhada, prática de yoga, dança, pilates, um treino de força, desportos em equipa ou individual… Todos são válidos
- Alimentação cuidada e saudável
- Experimentar uma atividade relaxante – meditação, práticas de respiração, journaling, são exemplos de actividades que podem não envolver custos e facilitar o descanso mental.
- Procurar contacto com a natureza – um passeio por um jardim na cidade ou à beira-mar, uma ida à praia ou à serra poderá aumentar a sensação de tranquilidade.
- Estabelecer metas e prioridades – ter o foco claro reduz a sobrecarga mental, poderá ser utilizado um planeador semanal para facilitar.
- Focar em pensamentos positivos – ao final do dia poderá reflectir e escrever acerca de três coisas positivas que aconteceram ao longo do dia.
- Manter contacto social – a conexão com os outros é um factor protector, por isso mesmo em situações de maior sobrecarga não devemos prescindir de momentos com colegas, amigos, família, …
- Priorizar atividades que sejam prazerosas – estes momentos são essenciais à saúde mental.
- Poderá ser necessário procurar apoio de colega psicólogo, seja para acompanhamento terapêutico, supervisão ou intervisão – e dar esse passo é sinal de maturidade.
O autocuidado é diferente para cada pessoa, não tem uma fórmula única: é pessoal, contextual e dinâmico. Por isso, embora os exemplos partilhados, o mais importante é que cada um encontre o que precisa para que possa sentir bem-estar emocional, psicológico e social.
Referências:
Caring for Your Mental Health
11 healthy ways to handle life’s stressors
6 mental health tips psychologists use