
“O que caracteriza um/a psicólogo/a? Quais as competências que um/a psicólogo/a deve ter?”. Quando lançamos esta pergunta, Empatia é a palavra-chave que está na ponta da língua da maioria dos respondentes. É relativamente consensual considerar-se que um/a Psicólogo/a deve ser empático para com os seus clientes, para com os seus colegas/equipa, e mesmo na sua esfera de vida pessoal. Espera-se que um/a Psicólogo/a seja capaz de criar, para o outro, um ambiente seguro e acolhedor. Espera-se que um/a Psicólogo/a seja capaz de ouvir sem julgamento, validar ressonâncias e fornecer feedback construtivo com sensibilidade. Espera-se que um/a Psicólogo/a seja capaz de comunicar publicamente, presencial ou online, de forma clara e objectiva, com precisão, respeito pelo outro, profissionalismo e ética.
Então será que Psicologia rima com Empatia?
Quando era estudante de Psicologia, ainda no início do meu percurso académico, lembro-me de ouvir um professor a explicar o que é Empatia, “é sermos capazes de nos colocar no lugar do outro, de calçarmos os seus sapatos – ou melhor as suas pantufas, que a pessoa calça quando está mais confortável – e sentir como ele sente, compreender de forma aprofundada a experiência do outro”. Um conceito simples de apreender mas nem sempre fácil de aplicar (de ser…). Ser empático significa respeitar, com autenticidade, o outro, humanizando-o. Na minha opinião, também implica sermos flexíveis e capazes de nos adaptar às especificidades e particularidades da outra pessoa – isto é uma espécie de input do grande sistema que é a Empatia. Outro input é a escuta ativa. Por sua vez, o output tem que estar na nossa capacidade para comunicar e para nos relacionarmos com a outra pessoa de forma coerente, manifestando com adequação aquilo que compreendemos: devolvendo sensibilidade, cuidado, acolhimento. Para que estes “inputs” e “outputs” estejam sãos, os/as psicólogos/as (e futuros/as psicólogos/as) têm de fazer um trabalho sistemático de autoconhecimento e autogestão (este sistema de Empatia não é automático!). Temos de conhecer os nossos vieses, as nossas dificuldades, as nossas crenças e temos de reconhecer quando estes nossos esquemas podem estar a conflituar com o nosso sistema de Empatia.
Somos diariamente confrontados com a falta de empatia. Quer seja online, quer seja nas nossas vidas diárias, é comum encontrarmos comunicação negativa, crítica gratuita, opiniões pessoais transmitidas como factos, “desabafos” transformados em ataques… Que papel, individual e/ou coletivo, enquanto Psicólogos/as (ou futuros/as Psicólogos/as) podemos ter perante a falha na Empatia?
- Continuar a criar um ambiente seguro junto das pessoas com quem contactamos;
- Equilibrar acolhimento e assertividade e desafiar crenças limitadoras e estereótipos quando necessário;
- Cultivar o sentido pessoal e profissional de ética;
- Combater a desinformação;
- Praticar autocuidado e investir no desenvolvimento pessoal/profissional;
- Promover mensagens positivas e aproximar comunidades.
Respondendo ao mote deste artigo, considero que Psicologia tem de rimar com Empatia. O que não quer dizer que todos/as os/as Psicólogos/as tenham esta competência adquirida ou completamente desenvolvida – tal como acontece com outras competências, é importante que continuemos a prestar-lhe atenção e a cultivá-la.
Este percurso de investimento pode iniciar enquanto ainda se é estudante e uma das iniciativas OPP que tem vindo, ao longo dos últimos dois anos, a promover mais empatia (potenciando a criação de redes e de comunidades, facilitando a comunicação e a informação partilhada entre a Ordem e as comunidades estudantis) é a iniciativa Estudante Embaixador@ OPP. Há sensivelmente um mês atrás, a 2ª Geração de Estudantes Embaixador@s OPP iniciou funções: são 22 pessoas em 22 instituições de ensino superior que, durante 2 anos, continuarão a implementar esta missão fundamental de aproximar a Ordem das comunidades estudantis, seguindo o caminho trilhado pela 1ª Geração de Estudantes Embaixador@s OPP. Munidos/as de informação, com uma estratégia de proximidade, os/s novos/as Estudantes Embaixador@s OPP estão disponíveis para conversar com estudantes de Psicologia, dando-lhes voz, facilitando o acesso a informação fidedigna, promovendo assim o futuro da Psicologia. Pode consultar mais informações no nosso site.