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Fake News, “o Diz que Disse” e a Gestão da Carreira

Artigo por Ana Catarina Silva

A proliferação de fake news e desinformação, não sendo exclusiva do século XXI, tem sido mais recentemente, face à utilização massiva e alcance dos meios de comunicação digitais, que o seu impacto tem suscitado um aumento de preocupação e atraído maior atenção.

As fake news têm demonstrado um poder e profundo impacto a nível global, com consequências políticas, económicas, sociais e ambientais.

Em diferentes momentos de crise, os rumores multiplicam-se. Alguns autores defendem que a incerteza e o significado atribuído à situação, combinados com a falta de informação, podem ajudar à sua explicação, preenchendo os rumores o vazio e ansiedade sentidos.

As redes profissionais, sociais e sites fornecem uma montanha avassaladora de informações e conteúdos úteis para a gestão da carreira, mas que quando não bem geridos, este “mundo” de oportunidades, pode acrescentar dificuldades, tornando-se numa perigosa armadilha, afastando-nos das melhores acções e foco necessário.

Mas e quando esses rumores ou o nosso cultural “diz que disse” prejudicam também a gestão pessoal da carreira? Estaremos, como Psicólogos/as e futuros Psicólogos/as suficientemente conscientes? Promovemos nos outros e em nós literacia e ferramentas que nos permitam detectá-los?

A entrada no mercado de trabalho, o início da prática profissional, a situação de desemprego ou um processo de mudança de emprego são, seguramente, também momentos de incerteza e crise, pelo que devemos ter presente o impacto e a força das fake news, do “diz que disse” e das informações pouco credíveis ou contaminadas.

A internet colocou candidatos, recrutadores e clientes a um clique de distância, mantém-nos em contacto, conectados e alvo de escrutínio, muitas vezes sem a nossa plena consciência e sem o nosso consentimento criterioso.

As redes profissionais, sociais e sites fornecem uma montanha avassaladora de informações e conteúdos úteis para a gestão da carreira, mas que quando não bem geridos, este “mundo” de oportunidades, pode acrescentar dificuldades, tornando-se numa perigosa armadilha, afastando-nos das melhores acções e foco necessário.

Cada pessoa tem a capacidade de produzir conteúdos e partilhá-los com os outros, não havendo vigilantes quer para a veracidade dos conteúdos, quer para as intenções de quem os produz e partilha.

As nossas regras são isso mesmo, nossas e, por isso, individuais, contudo existem questões e reflexões comuns, que nos ajudam a posicionar, orientar e manter o foco no cumprimento e respeito das mesmas:

  • Qual a minha imagem na internet?
  • O que os outros sabem de mim, através da internet?
  • Qual/Quais a(s) minha(s) marca(s) na internet?
  • Que comentários, opiniões, partilhas e registos meus e sobre mim podem ser encontrados na internet?

#1 – De que forma as respostas a estas questões me salvaguardam de estar a contribuir para a disseminação de fake news e do “diz que disse”?

#2 – De que forma as regras dos outros (não controladas por mim), quando lhes permitem ser disseminadores de fake news e partilhar o “diz que disse” prejudicam e afectam negativamente a minha gestão da carreira?

Não obstante ser muito o que parece fora do nosso controlo e estar susceptível aos princípios e regras dos outros, é muito mais o que podemos fazer para nos manter em controlo desta relação – eu – internet – eu:

  • Defina as suas regras e cumpra-as, sempre, mas mantenha presente que a produção de conteúdos, a participação e a partilha responsável dos mesmos na internet, deve pautar-se pelo pensamento crítico e consciência do impacto nos outros e em nós;
  • Defina os seus critérios para a partilha de conteúdos, comentários, publicações e informações, seja nas suas redes pessoais, profissionais e/ou em grupos e internet em geral. A informação é útil, actualizada e não tem dúvidas da sua veracidade?
  • Reveja frequentemente, e reformule se necessário, a sua presença e participação nas redes sociais, profissionais e internet;
  • Tal como outra pessoa qualquer, também os recrutadores e clientes têm acesso à internet. Lembre-se de todas as respostas dadas acima, mantém-se confortável? É possível (ou não) que queira fazer alterações e/ou apagar, mas será sempre desejável que faça actualizações profissionais, formativas e outras relevantes para a sua carreira nas redes e internet;
  • Considere a fonte, seja da publicação, do anúncio de emprego e/ou das caixas de comentários. Será uma opinião, uma má ou boa experiência a regra/excepção ou a percepção dessa pessoa/grupo de pessoas?
  • Contextualize e leia a informação completa, verifique o(s) autor(es) e consulte outras fontes credíveis. Será um verdadeiro anúncio de emprego ou uma estratégia para acesso a dados e “estudo” de mercado?
  • Pergunte-nos e dirija-se directamente às diferentes entidades responsáveis.

Como Psicólogos/as e futuros/as Psicológos/as temos uma responsabilidade acrescida e o dever de contribuir activamente para o combate às fake news e “diz que disse”, começando na nossa casa, na nossa gestão pessoal da carreira.