A liderança transformacional é um conceito que tem captado a atenção de psicólogos/as e líderes em todo o mundo. Um estilo de liderança, que transcende a simples gestão de tarefas e foca-se no desenvolvimento e inspiração dos elementos da equipa, é particularmente relevante no contexto do empreendedorismo. Afinal como podem os líderes empreendedores desenvolver habilidades de liderança transformacional? Vamos pensar!
O que é a Liderança Transformacional?
Antes de explorarmos os princípios psicológicos subjacentes, é essencial compreender o que é a liderança transformacional. Introduzido por James MacGregor Burns (1978) e expandido por Bernard Bass e Ronald Riggio (2005), este estilo de liderança caracteriza-se por quatro componentes principais: influência idealizada, motivação inspiradora, estimulação intelectual e consideração individualizada. Os/as líderes transformacionais são vistos como modelos a seguir, inspiram uma visão clara e envolvente, estimulam a inovação e tratam cada elemento da equipa de forma única, valorizando as suas necessidades e aspirações individuais. Enquanto modelos a seguir, apresentam uma orientação positiva para consigo próprios/as e para com os outros, possuem abertura intelectual, curiosidade e flexibilidade.
O que é necessário?
1. Inteligência Emocional: O Coração da Liderança
A inteligência emocional (IE) é um pilar fundamental da liderança transformacional. Daniel Goleman (1995), um dos principais estudiosos deste conceito. Afirma que a IE envolve a capacidade de reconhecer e gerir as próprias emoções e as emoções dos outros. Para um/a líder empreendedor/a, desenvolver a IE é como afinar um instrumento musical – permite uma liderança mais harmoniosa e eficaz. Líderes com um nível elevado de IE são mais capazes ao inspirar e motivar as suas equipas, promovendo um ambiente de trabalho positivo e produtivo (Goleman, 1998).
2. Motivação e Visão Inspiradora: Acendendo a Chama da Paixão
Os/as líderes transformacionais são conhecidos/as pela sua habilidade em criar uma visão inspiradora. Esta habilidade está intimamente ligada aos princípios da motivação intrínseca. Segundo a teoria da autodeterminação de Deci e Ryan (1981), as pessoas são mais motivadas quando sentem que têm autonomia, competência e uma relação de confiança. Um/a líder que consegue articular uma visão que ressoe com estes três elementos pode acender a chama da paixão e do compromisso dentro da sua equipa (Deci & Ryan, 2000).
3. Estimulação Intelectual: O Solo Fértil da Inovação
A estimulação intelectual refere-se à capacidade de desafiar as suposições, fomentar a criatividade e encorajar a resolução de problemas de maneira inovadora. Isto pode ser comparado a cultivar um jardim – é necessário criar um ambiente/ solo onde as ideias possam florescer. Segundo a teoria da aprendizagem significativa, a aprendizagem é mais eficaz quando novas informações são relacionadas a conhecimentos pré-existentes. Aplicar este princípio pode ajudar os/as líderes a fomentar um ambiente de aprendizagem contínua e inovação (Ausubel, 1968).
4. Consideração Individualizada: Nutrindo Potenciais Únicos
Finalmente, a consideração individualizada é sobre reconhecer e valorizar a individualidade de cada elemento da equipa. As pessoas desenvolvem quando são validadas, compreendidas e um/a líder transformacional, ao aplicar esta abordagem, pode ajudar cada elemento da equipa a alcançar o seu potencial pleno, criando um ambiente de trabalho onde cada pessoa se sente valorizada e respeitada (Rogers, 1961).
Conclusão
Desenvolver habilidades de liderança transformacional não é uma tarefa simples, mas é um investimento que pode trazer frutos significativos para líderes empreendedores/as. Ao utilizar a inteligência emocional, a motivação e visão inspiradora, a estimulação intelectual e a consideração individualizada, os/as líderes podem criar equipas mais coesas, inovadoras e motivadas. Em última análise, a liderança transformacional é uma jornada contínua de crescimento e desenvolvimento, onde o/a líder é tanto o/a guia quanto o/a aprendiz.
“No meio da confusão, encontre a simplicidade.
A partir da discórdia, encontre a harmonia.
No meio da dificuldade reside a oportunidade.”
Albert Einstein
Referências Bibliográficas
Ausubel, D.P. (1968). Educational psychology: a cognitive view. Holt, Rinehart and Winston: New York.
Bass, B.M., & Riggio, R.E. (2005). Transformational Leadership (2nd ed.). Psychology Press.
Burns, J. M. (1978). Leadership. Harper & Row.
Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. New York: Plenum.
Deci, E. L., & Ryan, R. M. (2000). The “what” and “why” of goal pursuits: Human needs and the self-determination of behavior. Psychological Inquiry, 11(4), 227–268.
Goleman, D. (1995). Emotional intelligence. Bantam Books, Inc.
Goleman, D. (1998). Working with Emotional Intelligence. London: Bloomsbury.
Rogers, C.R. (1961). On becoming a person. Houghton Mifflin.