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Assumir Preferências: A (in)Diferença na Gestão de Carreira

Artigo por Ana Catarina Silva

– Tenho fome?

– Preferes arroz ou massa?

– O que for mais rápido.

 

– Gostas mais de arroz ou massa?

– Gosto dos dois, não sou esquisito.

 

Podendo ser, aparentemente, respostas e posturas confortáveis, de colaboração e até de flexibilidade, uma breve reflexão permite-nos concluir que as mesmas, facilmente, causam impacto nenhum.

Podendo ser entendidas até como adaptativas, estas respostas e posturas não geram questões e, igualmente, não acrescentam ou se destacam das demais.

Assumir preferências, parece, hoje, mais uma postura de excentricidade do que a evidência de competências como a originalidade e a criatividade. […] proponho um desafio – sair da zona do indiferente, assumir preferências e investir e evidenciar Criatividade, Originalidade e Capacidade de Iniciativa na gestão da carreira.

Ao longo do blog PsiCarreiras, têm sido partilhados diferentes recursos e estratégias, salientando-se a importância do investimento e da aprendizagem na gestão pessoal da carreira.

Por isso, hoje, partilharei apenas a importância de assumirmos uma posição de preferência entre o arroz e a massa, independentemente do tempo que a sua confecção possa demorar.

Eu prefiro massa, aprendi por isso a cozinhar massa e conheço também os melhores restaurantes de massa da minha e de outras cidades; Da mesma forma, gosto muito de arroz, mas este tem de ser integral ou selvagem, o que me fez aprender a cozinhar esses dois tipos de arroz.

As minhas preferências geram frequentemente questões e curiosidade, assim como a partilha de receitas e aprendizagens.

Assumir preferências, parece, hoje, mais uma postura de excentricidade do que a evidência de competências como a originalidade e a criatividade.

Sou frequentemente chamada de esquisita, porque não me é indiferente comer arroz ou massa. E ainda bem, porque efectivamente não me é indiferente comer arroz ou massa!

E o que tem o arroz e a massa a ver com a gestão pessoal de carreira?

Tudo!

Se há no que devemos ser esquisitos, é na gestão da nossa carreira!

No relatório sobre o futuro do emprego do World Economic Forum, na dimensão da resolução de problemas, entre outras, destacam-se precisamente a Criatividade, Originalidade e Capacidade de Iniciativa, no top 10 das competências elencadas para 2025.

Ao longo da nossa carreira, na resolução de problemas como iniciar o Ano Profissional Júnior, na mudança de emprego ou em situação de desemprego (estes últimos comuns a todas as áreas profissionais), ao focar-nos no que for mais rápido, na primeira oportunidade e/ou na abundância/oferta no momento, torna-se e torna-nos mais indiferentes, desde que “resolva” o problema.

Nesta altura em que, tipicamente, se iniciam os balanços do final de ano e nos enchemos de esperança para um novo ano que se aproxima, além da habitual definição de novos objectivos, proponho um desafio – sair da zona do indiferente, assumir preferências e investir e evidenciar Criatividade, Originalidade e Capacidade de Iniciativa na gestão da carreira.

Assumir preferências, é também ser criativo e original favorecendo o traçar de um caminho menos óbvio, distinto, mais moroso (por vezes sim) mas com maior probabilidade de satisfação e, não apenas, um caminho que sacie ou resolva “aparentemente” o problema.

Assumir preferências, é também ter a capacidade de tomar a iniciativa, de procurar, questionar e ousar. Se não nos for indiferente comer arroz ou massa e se assumirmos as nossas preferências, numa analogia à nossa carreira, tal como no prato teremos experiências gastronómicas e, não apenas ingestão de alimentos, também a gestão da nossa carreira será muito mais que uma resolução consecutiva de problemas, baseada na saciedade e disponibilidade do mercado.

Não quer isto dizer que, no caminho e em determinado momento, não obstante as nossas preferências, não nos seja possível cumpri-las na sua totalidade contudo, não nos esqueçamos de ser esquisitos, sempre, e de desenvolver e evidenciar, não excentricidade ou indiferença, mas competências reconhecidas e valorizadas no mercado de trabalho, também na gestão pessoal de carreira, como a Criatividade, Originalidade e Capacidade de Iniciativa.