Artigo por Ana Leonor Baptista
Mais de metade dos portugueses estão à procura de um novo emprego, 42% estão insatisfeitos no seu trabalho actual e 49% querem melhores remunerações. Identificam-se culturas organizacionais pouco flexíveis, um desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional e níveis remuneratórios insatisfatórios para os trabalhadores. A perda de produtividade devida ao absentismo e ao presentismo enraizados em problemas de saúde psicológica pode custar às empresas portuguesas até €3,2 mil milhões por ano, uma vez que se estima que, em Portugal, os trabalhadores faltem, devido ao stress e a problemas de saúde psicológica, até 6,2 dias por ano e o presentismo possa ir até 12,4 dias.
“O stress ocupacional e o burnout são resultado de uma combinação de factores pessoais e contextuais e têm elevados custos (quer para o indivíduo quer para as organizações), pelo que urge implementar mudanças a fim de melhorar o bem-estar no trabalho e melhorar a saúde das organizações (e das pessoas).”
O stress ocupacional e o burnout são resultado de uma combinação de factores pessoais e contextuais e têm elevados custos (quer para o indivíduo quer para as organizações), pelo que urge implementar mudanças a fim de melhorar o bem-estar no trabalho e melhorar a saúde das organizações (e das pessoas). Foquemo-nos, neste artigo, naquilo que cada colaborador, enquanto indivíduo, pode fazer para melhorar o seu dia de trabalho e potenciar o seu bem-estar geral:
1. Três Coisas Boas: é uma prática que consiste em registar três coisas positivas que aconteceram durante o dia de trabalho. A investigação refere que esta estratégia diminui os níveis de exaustão e aumenta o bem-estar, com efeitos observados até um ano após sua implementação.
2. Fazer pausas: desde crianças que somos ensinados a equilibrar o nosso esforço com pausas, intervalos e recreios, mas por vezes esquecemo-nos desta prática fundamental na vida adulta. Incorporar um (ou, preferencialmente, mais do que um) intervalo(s) no dia de trabalho (mesmo que seja uma pausa curta de 5-10min.) pode ser altamente benéfico e tem impacto na produtividade, ajudando a regular o esforço e cansaço pois permite uma melhor gestão dos recursos cognitivos. Se fizer uma pausa com um colega, está simultaneamente a enriquecer as suas relações interpessoais e profissionais, o que contribui para um ambiente/cultura organizacional mais positivos.
3. Ritual de transição: implementar um ritual de transição no final do dia de trabalho é fundamental para promover o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Reserve 5 minutos no final do seu dia de trabalho para registar num post-it assuntos urgentes ou tarefas prioritárias que necessita de realizar no dia útil seguinte – isto permitirá que, findo o horário laboral, lhe seja possível “desligar” e estar plenamente envolvido na sua vida pessoal/familiar/social. Este tipo de prática ajuda a fazer uma transição suave, com menos preocupações, entre o papel profissional e os restantes papéis de vida, promovendo um equilíbrio mais saudável entre ambos.
Os riscos psicossociais existem e constituem um problema significativo quer a nível individual, quer a nível organizacional quer a nível societal. Não obstante os mesmos requererem mudanças estruturais na forma como vemos, enquanto sociedade, o trabalho e as pessoas, cada indivíduo tem um campo de acção que lhe permite implementar pequenas mudanças no sentido de criar uma relação mais saudável com o trabalho.