Artigo por Ana Sofia Nobre
Porque é que o céu é azul?
Porque é que a lua me está a seguir?
Porque é que o avô tem bigode?
Porque e que o carro é amarelo?
Porquê… porquê… porquê… é neste salto de porquê em porquê, que as crianças procuram perceber os outros, entender-se a si próprias e o mundo que as rodeia. Se esta “idade dos porquês” não deixa de ser um desafio à paciência de todos aqueles que são inquiridos, enquanto psicólogos/as sabemos o quão importante é este período para o desenvolvimento da curiosidade, do sentido crítico, com impacto na resolução de problemas, no saber questionar e encontrar também um propósito e uma leitura do mundo ao seu redor, essencial para o desenvolvimento do indivíduo.
No entanto, o crescimento da “idade dos porquês”, quando comparado com o nosso crescimento físico, é por vezes inverso. Com a chegada da adultice, tenho quase a certeza que todos nós podemos dizer que em tempos, houve uma fase da nossa vida, talvez quando tínhamos uns 3 ou 4 anos, em que tudo ao nosso redor poderia levantar um “Porquê…”.
Mas hoje em dia, estamos no pólo oposto, por vezes no meio da habituação, da normalização, da rotina do dia a dia, esquecemo-nos de questionar o mundo ao nosso redor.
“No ritmo frenético em que vivemos é cada vez mais importante, no âmbito da gestão da nossa carreira, que contempla não só o nosso papel profissional, mas toda a conjugação de papéis da nossa vida, que possamos ousar revisitar com alguma frequência a “idade dos porquês”.”
Mark Twain tem uma frase que nos diz “Os dois dias mais importantes da sua vida são o dia que nasceu e o dia em que descobre o porquê”. Esta busca do “porquê”, esta busca de sentido é orientadora da nossa existência, podendo ser entendida como a procura de propósito.
No ritmo frenético em que vivemos é cada vez mais importante, no âmbito da gestão da nossa carreira, que contempla não só o nosso papel profissional, mas toda a conjugação de papéis da nossa vida, que possamos ousar revisitar com alguma frequência a “idade dos porquês”.
No passado dia 20 de março comemorou-se o Dia Internacional da Felicidade. Este dia foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 28 de junho de 2012 e tem como objectivo dar um enfoque, no papel crucial que a felicidade tem na vida de todos e todas.
Pelo que ousemos levantar os “porquês” dos nosso papeis, para que através deste questionamento possamos evitar conduzir a nossa vida em “piloto-automático” e perceber se estamos a construir uma carreira com o sentido que pretendemos, alinhada com os nossos valores e propósito, e que nos conduza num caminho da satisfação e bem-estar.
Retomo a questão principal deste artigo, o que o levou ou leva a ser psicólogo/a? Que impacto tem na sua vida e na vida dos outros? De que forma, através deste papel consegue contribuir para a diferença que quer ver no mundo?
Partilho convosco que neste exercício dos “porquês” a percepção que mantenho do impacto positivo da Psicologia no individuo, nos grupos, nas entidades e na sociedade em geral, faz com que continue a acordar todos os dias com entusiasmo e com vontade de arregaçar as mangas para os desafios que a minha jornada me proporcionará.
A questão não será “o que dizem os teus olhos”, mas sim “ o que faz brilhar os teus olhos?”