Artigo por Sofia Cardoso
A importância das softs skills ao nível da empregabilidade
Actualmente não basta ter um currículo rico, atractivo e bem elaborado.
Num mundo cada vez mais acelerado, tecnológico e competitivo, as soft skills têm ganho um papel cada vez mais importante e podem mesmo ser determinantes na escolha de um candidato num processo de recrutamento e selecção, e até mesmo na permanência de um colaborador numa organização.
As soft skills surgem como um factor diferenciador no momento da contratação, tendo o mesmo peso que as hard skills. Possuir competências técnicas específicas – hard skills – é importante, mas já não é suficiente.
A capacidade de interacção, de trabalho em equipa e, sobretudo, a capacidade de fazer face aos desafios que surgem diariamente, são apenas algumas das competências sociais e comportamentais mais valorizadas actualmente. É, por isso, bastante importante que sejam evidenciadas, nomeadamente, nas cartas de apresentação que acompanham os currículos e nas entrevistas de emprego.
A verdade é que, num processo de recrutamento e selecção, as competências técnicas constituem o acesso à entrevista inicial, pois são aquelas que se destacam nos currículos avaliados numa primeira fase do processo, mas são as competências comportamentais e sociais que acabam por ser o elemento de desempate na escolha de um candidato.
São centenas as candidaturas que chegam às diversas entidades/instituições/organizações, quer sejam candidaturas espontâneas, quer sejam candidaturas por resposta a uma vaga de emprego e, nessa selecção inicial, são as hard skills que se destacam: se os candidatos têm a formação académica pretendida, se tem ou não experiência profissional no que se pretende, se têm conhecimentos de línguas, se dominam as tecnologias de informação, etc. Contudo, é posteriormente, na fase da entrevista, que é possível ter em conta as competências sociais e comportamentais dos candidatos, e essas, são cada vez mais decisivas, são no fundo a “impressão digital” do candidato. O mesmo acontece no que diz respeito à manutenção do posto de trabalho ou até mesmo ao crescimento profissional.
As soft skills constituem já o factor decisivo na hora de contratar, de promover ou de rescindir um contrato.
Caracterizado pela enorme complexidade, concorrência e volatilidade, o mercado de trabalho é, hoje em dia, muito diferente daquilo que era há uma década atrás, por todos os desafios que se colocam na actualidade. Torna-se, por isso, necessário ter candidatos qualificados e tecnicamente competentes, sim, mas também candidatos que possuam uma enorme capacidade de adaptação e de flexibilidade, podendo, com isso, conduzir a uma maior produtividade laboral.
Ter alguém muito qualificado a trabalhar, mas sem competências relacionais, sem capacidade de gestão emocional, de pensamento crítico ou proactividade, por exemplo, não permite que o trabalho se desenvolva de forma tão eficaz.
“Ter alguém muito qualificado a trabalhar, mas sem competências relacionais, sem capacidade de gestão emocional, de pensamento crítico ou proactividade, por exemplo, não permite que o trabalho se desenvolva de forma tão eficaz.”
Independentemente das áreas em que trabalhem, directa ou indirectamente, as pessoas formam grupos de trabalho e necessitam realizar tarefas que implicam necessariamente colaboração, proactividade, iniciativa, capacidade de tomada de decisão, etc. É aqui que as soft skills são diferenciadoras, garantindo um maior sucesso e eficiência no desempenho profissional de cada um.
De acordo com um estudo de 2017 realizado pela Universidade de Michigan (Estados Unidos), a aposta no desenvolvimento de soft skills conduz a um aumento de 12% da produtividade. Mas se o mundo laboral já estava em absoluta transformação, a pandemia veio fazer com que este mudasse ainda mais rapidamente, acelerando a digitalização e a criação de modelos de trabalho híbrido ou remoto, daí a necessidade de se valorizar, cada vez mais, competências mais sustentáveis e adaptativas, capazes de resistir à velocidade imperativa da digitalização.
Segundo o estudo “The Future of Jobs 2020” realizado pelo World Economic Forum, o futuro do trabalho já chegou, pelo que, em 2025, a aprendizagem activa, a inteligência emocional, a resolução de problemas, a resiliência, tolerância ao stress e flexibilidade, o pensamento crítico, a persuasão e negociação, a criatividade, originalidade e a iniciativa, vão constar do “Top 15” das soft skills mais procuradas num colaborador. Estas assumem uma preponderância cada vez maior, tendo em conta que estamos em plena quarta revolução digital.
Se, por um lado, actualmente é adoptado, na maioria dos casos, modelos de trabalho híbrido, com acesso remoto a qualquer pessoa que esteja em qualquer parte do mundo, a verdade é que, a capacidade de captar a atenção, de comunicar eficazmente e de colaborar (apesar da falta de contacto presencial), faz com que as soft skills se constituam como o factor diferenciador do desempenho profissional.
Para além disso, a fragmentação do conhecimento e a velocidade com que ele se gera e se dissemina, leva a que seja praticamente impossível dominar-se em absoluto qualquer área do conhecimento (por muito bons que possamos ser em cada uma das nossas áreas), o que pode tornar inevitável a necessidade de uma colaboração mais criativa, de entreajuda e de empatia, skills estas, importantes para um trabalho mais eficaz e diferenciador.
As soft skills são, assim, cada vez mais importantes num mundo em que a tecnologia e o digital são apenas um meio facilitador do que de melhor os seres humanos têm para dar e mostrar e, por esse motivo, cabe também às próprias Instituições de Ensino Superior (IES) incentivá-las e cultivá-las nos seus alunos, adoptando estratégias que aproximem mais os conhecimentos à realidade, à necessidade dos empregadores e às exigências actuais do mercado de trabalho. Este alinhamento pode seguramente contribuir para um maior sucesso dos Diplomados, nomeadamente, na aquisição do seu primeiro emprego e para um aumento dos seus níveis de empregabilidade.