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Ser Humano = Ser Racional?

Artigo por Joana Almeida Monteiro

“Já fiz 50 candidaturas só esta semana e não obtive nem uma resposta”. O que não bate certo aqui? Pensemos…  Sendo racionais: será que temos capacidade de preparar 50 candidaturas com qualidade para que sejam positivamente apreciadas por quem as recebe? Será que estou a “fazer tudo o que posso” ou “o melhor que posso”?

O impulso de agir, resolver um problema, achar a solução, impede-nos de fazer bem. Fazer muito não é fazer bem. Esquecemo-nos da ponderação. Acabamos a desprezar a velha máxima de “mais é menos” ou o  “quantidade não é qualidade”. Mas… somos ou não racionais?

Fazer muito não é fazer bem. Esquecemo-nos da ponderação. Acabamos a desprezar a velha máxima de mais é menos ou o  quantidade não é qualidade. Mas… somos ou não racionais?”

Dan Ariely, um Psicólogo americano que tem desenvolvido trabalhos sobre a irracionalidade descreve inúmeros fenómenos em que se verifica que, afinal, somos bastante irracionais. Isto acontece em aspectos tão variados como o modo como não passamos à acção apesar de querermos (a procrastinação), como tendemos a sobrevalorizar as nossas próprias criações (sejam os móveis IKEA que montámos ou um projecto em que estivemos envolvidos), ou como empatizamos mais com uma pessoa em particular do que com um grupo abstracto de pessoas (daí que os testemunhos sejam sempre tão potencialmente poderosos para nos levar a pensar de outro modo sobre determinado tema).

Por exemplo, o ritmo acelerado da vida actual, o fenómeno FoMO (Fear of Missing Out), leva-nos a não pensar muito. Fazemos. Reagimos em “piloto automático”, por vezes. Este fenómeno apela ao nosso arrependimento. E assim, nas nossas carreiras, também por vezes agimos motivados por esse receio de nos arrependermos. Medo de perder uma oportunidade, logo candidato-me a todas as que vejo. Medo de me estar a cingir a uma área de interesse profissional, com receio de perder a possibilidade de experimentar tantas outras.

Uma das grandes desvantagens de não sermos intencionais na forma como agimos na gestão da nossa carreira é a perda de controlo. Ficamos, assim, à mercê da “sorte“, correndo o risco de nos estarmos a sabotar.

Se o bom senso dita que o façamos, porque nos é tão difícil sermos intencionais nas acções de construção da nossa carreira?

Assim, fica o convite para pensarmos como podemos contrariar a nossa natureza irracional e assim construirmos percursos profissionais mais conscientes, intencionais e que nos tragam mais controlo e satisfação.

 

* Deixo como sugestão a leitura dos livros “Previsivelmente Irracional” ou “O Lado bom da Irracionalidade” do Dan Ariely, dois bons exemplos de comunicação da ciência psicológica em formato de leitura informativa mas leve e lúdica. Também há algumas TED Talks pelo mesmo autor que são bastante interessantes.