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Saúde Mental dos Psicólogos: Navegando Desafios e Fortalecendo a Carreira

Os constantes desafios que temos vivido nos últimos anos e a sua volatilidade têm-nos colocado a todos em contextos de grande pressão psicológica, resultando numa procura por serviços de psicologia, provavelmente, sem precedentes. 

No entanto estes desafios, que são para todos, podem ter especial expressão e impacto nos profissionais de saúde mental, nomeadamente nos psicólogos, impactando directamente na sua saúde, carreira e qualidade de serviço prestado aos outros.

O Burnout ou Síndrome de Esgotamento Profissional, caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal, pode ser uma realidade preocupante entre muitos psicólogos. A identificação deste fenómeno em nós próprios é imprescindível, assim como a sua prevenção activa e/ou intervenção. A importância é grande, pois pode comprometer não só o nosso bem-estar e a nossa saúde psicológica, como também a qualidade do serviço que prestamos aos nossos clientes, impactando, também, na sua saúde psicológica.

São diversas as estratégias que podemos adoptar para evitar entrar numa situação de burnout, mas gostaria de me centrar naquelas que devemos ter em especial atenção e que se relacionam directamente com o nosso dia-a-dia profissional e que nos podem ajudar a ter uma carreira resiliente e satisfatória.

Um dos pontos de extrema importância relaciona-se com a Supervisão, Intervisão e o Apoio Contínuo. A supervisão regular e o apoio entre colegas de profissão é essencial para o nosso desenvolvimento profissional e pessoal e para a nossa saúde mental. Estes espaços de partilha permitem a reflexão sobre práticas profissionais, oferecendo uma oportunidade para aprender com os desafios e celebrar os sucessos. A supervisão não é apenas um requisito ético, mas é um pilar de sustentação da nossa saúde mental enquanto psicólogos.

A Formação Profissional Contínua é a forma de responder aos desafios de uma profissão em constante evolução, com novas teorias, técnicas e abordagens a surgirem regularmente. A formação contínua é fundamental para garantir que possamos oferecer os melhores serviços possíveis. Para além disso, o compromisso com a aprendizagem ao longo da carreira contribui para o sentido de realização profissional e pessoal, servindo como “antídoto” contra a estagnação e o desgaste.

A Integração da Tecnologia na Prática Psicológica oferece novas oportunidades de intervenção, de supervisão e de formação, contribuindo assim de forma muito positiva e relevante para o combate ao esgotamento profissional. No entanto, pode também ser uma fonte de stress, pois coloca-nos perante novos desafios. É crucial que os psicólogos se mantenham informados sobre as melhores práticas e considerações éticas relacionadas ao uso da tecnologia, garantindo a confidencialidade e eficácia da intervenção, conseguindo assim tirar o melhor partido das tecnologias.

Por fim, mas não menos importante, Cuidar de Si para Cuidar de Outros. Cuidar da própria saúde psicológica e bem-estar, recorrendo a estratégias de autocuidado, dedicando tempo a hobbies, a estar com a família e amigos e a praticar a auto-compaixão, são essenciais, assim como recorrer a um psicólogo se necessário. A capacidade de cuidar de si mesmo é directamente proporcional à capacidade de cuidar dos outros.

Na nossa jornada como psicólogos, podemos, por vezes, sentir-nos “como um barco perdido à deriva no mar” (como diz João Pedro Pais numa das suas músicas), navegando sozinhos através das agitadas águas da saúde mental. O eventual surgimento deste sentimento de isolamento pode ser um importante lembrete da nossa condição humana, que compartilhamos com aqueles a quem ajudamos. Contudo, não navegamos sozinhos, a formação contínua e a supervisão são duas formas de transformarmos isolamento em comunidade e o compromisso com o nosso próprio bem-estar, a prática do autocuidado e a compaixão por nós próprios e pelos outros são algumas das rotas a seguir para uma carreira e prática profissional mais resiliente e satisfatória.