Artigo por Rodrigo Dumas Diniz
Os nossos planos de carreira pós-pandemia podem ainda ser incertos, mas a este ponto reconhecemos que a mudança se tornou inevitável. À medida que este texto é redigido existem psicólogos/as que continuam a ser onerados pela incerteza quanto à empregabilidade, configuração do local de trabalho, futuro profissional e novas oportunidades – a par de outros desafios globais.
Neste remoinho de situações, a resiliência tornou-se um tema de discussão popular. Todos os dias ouvimos relatos de como os últimos dois anos testaram ou demonstraram a resiliência na nossa profissão. O trabalho e a resiliência passaram a estar indissociavelmente ligados, quer se trate de psicólogos/as que tiveram que se adaptar ao trabalho remoto, ou enfrentaram situações de desemprego.
“O trabalho e a resiliência passaram a estar indissociavelmente ligados, quer se trate de psicólogos/as que tiveram que se adaptar ao trabalho remoto, ou enfrentaram situações de desemprego.”
Devido à magnitude de eventos recentes, incluindo a invasão russa à Ucrânia, somos obrigados a considerar cuidadosamente os nossos próprios percursos e recursos profissionais. Isto é referido como um “choque de carreira”: algo inesperado que pode ter uma valência positiva ou negativa.
Os ingredientes essenciais da resiliência na carreira, incluem não só identificar fatores de risco e protecção associados a estes eventos que possam pôr em risco o nosso percurso, como determinar resultados bem-sucedidos e adaptáveis. Por outras palavras, uma carreira pós-pandémica de sucesso depende de aprender com esta experiência e de pôr esse conhecimento em prática.
Outro conceito emerge aqui: o de uma carreira sustentável, que inclui tanto o trabalho remunerado como o não remunerado; implica olhar para trás, investir no presente e inovar para o futuro; acarreta ter consciência das esferas pessoal, profissional e familiar nas várias atividades diárias. As pessoas que escolhem a sustentabilidade fazem-no porque valorizam o significado e o potencial dos seus empregos. Esta também pode ser uma oportunidade para recomeçar.
Algumas formas de moldar este novo começo incluem adotar uma mentalidade de crescimento, repensar objetivos de carreira e procurar oportunidades de formação e desenvolvimento. À medida que todos nos adaptamos a novas formas de trabalho, a aprendizagem será fundamental; e sabemos que é possível, uma vez que os/as psicólogos/as têm sido criativos e adaptáveis ao longo de todo o processo, contando com um conjunto diversificado de competências.
É da nossa natureza querer saber, procurar respostas e até especular sobre o que o futuro nos reserva. A incerteza impulsiona esta exigência. Como resultado, as questões levantadas continuam a ser retóricas porque ainda não se sabe a extensão total do impacto da pandemia nas carreiras. Por enquanto, apenas sabemos que a psicologia tem uma oportunidade única para se transformar. Como iremos reagir?