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Remar no Mesmo Sentido

Artigo por Joana Almeida Monteiro

Se nenhum psicólogo é uma ilha, a verdade é que nestas semanas de vivência comum da pandemia muito se ouve a expressão “estamos todos no mesmo barco”. E isso tem vindo a acentuar a nossa noção de Psicólogos como parte do todo, o que acho que só tem a ser um excelente contributo para a carreira de cada um de nós, mas também para a visão que “o mundo” tem de nós, Psicólogos, de nós, Psicologia.

Não sei se a ideia é antiga ou só mais recente (a crise do final da década 2000 não deve ter ajudado), mas desde que decidi um dia estudar Psicologia que, sempre que partilhava os meus planos de futuro, me contrapunham, com um ar grave e sério, com a ideia do desemprego e de uma vida difícil neste caminho que escolhia. Quantos de nós, Psicólogos, ainda mal conhecíamos a nossa ciência já tínhamos uma visão de dificuldade, de competição e de pessimismo imprimida para a nossa prática profissional?

“Talvez o “estarmos todos no mesmo barco” tenha trazido à tona o facto de os Psicólogos serem também pessoas (!) e possa fazer-nos deixar de parte diferenças, divergências e competições negativas. Talvez a nossa própria vulnerabilidade nos faça focar na dos outros, que procuramos ajudar com a nossa ciência. Talvez o reconhecimento, agora um pouco mais público e disseminado, nos empodere e nos recorde que (sempre) somos muito necessários e nos impulsione para agirmos e sermos mais afirmativos. Talvez.”

Acho possível que esse cenário negativo em nós plantado possa ter contribuído para que cada um de nós se possa ter procurado refugiar na “segurança” da corrente teórica preferida, possa ter sentido que partilhar a sua perspectiva sobre os assuntos ou os materiais e instrumentos por si construídos com colegas possa ser uma ameaça. E assim esta classe foi-se enchendo de ilhas e de profissionais que em vez de pontes e alianças construíam muralhas entre si.

Talvez o “estarmos todos no mesmo barco” tenha trazido à tona o facto de os Psicólogos serem também pessoas (!) e possa fazer-nos deixar de parte diferenças, divergências e competições negativas. Talvez a nossa própria vulnerabilidade nos faça focar na dos outros, que procuramos ajudar com a nossa ciência. Talvez o reconhecimento, agora um pouco mais público e disseminado, nos empodere e nos recorde que (sempre) somos muito necessários e nos impulsione para agirmos e sermos mais afirmativos. Talvez.

É com agrado que vejo que parecemos mais unidos que nunca, que os Psicólogos são agora um continente inteiro e, em conjunto, nos temos mobilizado para apoiar quem precisa de intervenção psicológica. Temos criado, mais do que nunca, redes e sinergias entre nós que espero que não se rompam mais – juntos somos bem mais fortes, mais competentes, mais críticos e por isso mais capazes. Esta força passa para fora e podemos hoje encher-nos de orgulho de vermos a Psicologia na ordem do dia, de termos “palco mediático” para darmos o nosso contributo.

Espero que possamos assim contribuir para que os actuais e futuros estudantes de Psicologia possam ver o futuro profissional com outra esperança. Que possamos assim ter Psicólogos Júnior com mais confiança nos primeiros passos do ciclo de desenvolvimento profissional. Que possamos ter, verdadeiramente, orgulho em sermos Psicólogos!