Relações Profissionais à Distância

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Artigo por Marta Alves

Gostaria de propor à vossa consideração, como uma hipótese, que a maior barreira à comunicação interpessoal é a nossa tendência muito natural para julgar, para apreciar, para aprovar ou para desaprovar as afirmações de outra pessoa ou de outro grupo” – Carl Rogers

Encontramo-nos, nos últimos tempos (desde o início da pandemia pela COVID-19), a utilizar, mais do que nunca, ferramentas de comunicação e de trabalho à distância. Nesta comunicação à distância refiro-me à que é realizada no âmbito das consultas de Psicologia, reuniões, formações, webinares e outros encontros que aconteçam no âmbito profissional. Alguns de nós já utilizavam estas ferramentas, mais do que outros, mas parece-me que o aumento da utilização destas ferramentas é inegável. Estes recursos de comunicação à distância, na sua grande maioria, já existiam, mas não tínhamos sentido tanta necessidade de os utilizar como agora, ou então tínhamos algumas resistências relativamente à sua utilização. Passámos, então, por exemplo, a atender clientes à distância, a reunir mais à distância com colegas, a fazermos formações à distância, a sermos espectadores de webinares, entre outras iniciativas.

(…) tal como em todos os nossos contactos profissionais, devemos ter claro qual o objectivo da nossa comunicação (…)

Se para algumas tarefas o regime presencial pode e deve regressar, eventualmente é também verdade que possamos ter aprendido que em determinadas situações o trabalho à distância poderá continuar a ser útil. Independentemente desse futuro, é importante que também preparemos e atentemos na forma e no conteúdo do que comunicamos à distância. Aspectos básicos como a pontualidade e a forma como nos apresentamos e saudamos não devem ser descurados. Por outro lado, tal como em todos os nossos contactos profissionais, devemos ter claro qual o objectivo da nossa comunicação naquele evento, bem como com que imagem profissional queremos ser vistos e se estamos a comunicar de forma coerente com as mensagens que queremos passar aos nossos interlocutores. Poderá ser pertinente, antes de cada evento, reflictir sobre o propósito desse evento e que audiência existirá (quem e quantas pessoas), bem como se haverá gravação do mesmo, entre outros aspectos que sejam relevantes.

Para a especificidade da utilização das ferramentas de comunicação à distância no âmbito das consultas de psicologia, sugiro a visualização da WebTalk PsiCarreiras #7 “O Psicólogo em Contexto Clínico e a COVID-19”[*], assim como outras informações relativas às intervenções à distância disponíveis no site da Ordem.

Alguns de nós têm a experiência de trabalhar em diferentes contextos ou em diferentes instituições. Sabemos que para cada uma dessas mudanças que vivenciámos, tivemos de nos adaptar e aprender as regras e procedimentos para o trabalho eficaz e eficiente nesses diferentes contextos. Trabalhar à distância poderá ser encarado como mais um desses contextos.

Por último, ultrapassados os desafios iniciais de escolha de plataformas, aprendizagem relativamente ao seu funcionamento e desenvolvimento de competências digitais, poderemos futuramente entrar numa fase em que optimizaremos essa utilização, quer na quantidade de vezes que as utilizaremos, quer na qualidade dessa utilização.

 

[*] esta e outras Webtalks encontram-se disponíveis de forma gratuita até 30 de Junho de 2020

 

Referência da Citação: Rogers (1985, p. 283). Tornar-se pessoa (7ª Edição). Lisboa: Moraes Editores.