PsiCarreiras

logo-psicarreiras
Blog

Quem é o impostor entre nós?

Quantas pessoas no seu círculo social se consideram realmente aptas para realizar de forma competente e exímia as funções que ocupa?

A Síndrome do Impostor, como tem vindo a ser denominada num período mais recente, remonta aos anos 70. É um padrão de pensamentos e comportamentos que leva pessoas bem-sucedidas a descreditar o seu próprio mérito, associando-o, tipicamente, a factores externos como a sorte. Ainda que não seja uma perturbação listada no DSM, os sentimentos associados a este fenómeno são geralmente acompanhados por sintomas de ansiedade e, eventualmente, depressão.

Não raras são as vezes em que estes sentimentos surgem durante a carreira, estando particularmente associados ao primeiro emprego, mas não só. O contacto inicial com o mercado de trabalho em Psicologia pode ser uma caixa de pandora e, embora exista um lugar para todos nós, na sua individualidade, a crença de que não são suficientemente bons culmina no medo de que os pares descubram a fraude que são (afinal, como é que chegaram ao ponto actual da carreira?), o que não lhes permite partilhar estes pensamentos com o outro. Cada “não” recebido durante o processo de procura de emprego é um ponto somado para esta crença e um ponto retirado à autoestima e ao sentimento de autoeficácia.

Este fenómeno é, portanto, circular: cremos que somos incompetentes, funcionamos e pensamos como tal; trabalhamos arduamente (de forma perfeccionista até) ou procrastinamos até não ser possível fazê-lo e criamos expectativas irrealistas sobre o nosso trabalho. Não é suficiente e voltamos à estaca zero… somos incompetentes.

A verdade é que este não é um sentimento incomum, pelo contrário. Basta que questionemos o colega com quem partilhamos o consultório, o gestor do nosso departamento ou a diretora da empresa onde trabalhamos para percebermos que não estamos sozinhos. Ainda assim, existem estratégias que pode adoptar no seu quotidiano para superar o sentimento de não pertença:

1. Partilhar experiências e validar sentimentos

A probabilidade de conhecer alguém dentro do seu círculo profissional ou pessoal que pensa de forma similar é alta. Por isso, partilhe com alguém de confiança o que está a sentir.

2. Celebrar conquistas

Registe os momentos de sucesso ao longo da sua carreira, inclusive durante o percurso académico. Reflicta sobre eles e permita-se saborear as endorfinas que estas memórias lhe trazem. Ao longo do tempo, ao olhar para trás, conseguirá visualizar instantaneamente o seu percurso e detalhar os pontos chave deste crescimento.

3. Ser realista, ninguém é perfeito

Se é importante celebrar as conquistas, reflectir sobre o nosso desenvolvimento contínuo é também indutor de crescimento. Compare-se apenas consigo: como foi o último ano e como pode melhorar no próximo? Estabeleça objectivos realistas, enquadrados na sua realidade, e faça o seu melhor. Não tem se ser perfeito; ninguém o é.

4. Procurar ajuda

O impacto da Síndrome do Impostor pode ser extremamente impetuoso. Para muitos, um Psicólogo pode ajudar a delinear estratégias e encontrar ferramentas para quebrar o círculo vicioso que é este fenómeno.

É imperativo que nos desenvolvamos enquanto pessoas e profissionais, claro, mas não ao custo da nossa própria saúde mental. Permita-se parabentear pelos sucessos do ano que finaliza e planear realisticamente o que está à porta.