Artigo por Marta Alves
“Quanto mais aberto estou às realidades em mim e nos outros,
menos me vejo a tentar a todo o custo remediar as coisas.” – Carl Rogers
Já pensou porque um determinado cliente ou recrutador o escolhe a si e não a outro/a Psicólogo/a? O que o/a caracteriza e o diferencia dos demais? Para se apresentar ao mercado, quer procure emprego por conta de outrem, quer trabalhe por conta própria, deve ter bem clara qual a sua proposta de valor.
“Para a definição da proposta de valor (…) existem dois passos a aprofundar: um é o autoconhecimento do Psicólogo e ou outro é o conhecimento do mercado de trabalho em que se move.“
Para a definição da proposta de valor de um determinado Psicólogo/a existem dois passos a aprofundar: um é o autoconhecimento do Psicólogo e ou outro é o conhecimento do mercado de trabalho em que se move.
Para aumentar o autoconhecimento do que me caracteriza enquanto Psicólogo, posso começar por responder às seguintes questões: profissionalmente, o que me traz conforto e satisfação? Quais as minhas competências? Quais os meus pontos fortes e os meus pontos fracos? O que me caracteriza enquanto profissional? Que problemas sei resolver?
Para promover o conhecimento do mercado de trabalho em que se move, o psicólogo pode realizar os seguintes exercícios:
- Através da análise de ofertas de emprego, o que está a pedir o mercado?
- Faça uma pesquisa sobre uma entidade na qual gostasse de trabalhar ou que seja uma referência para si (site, Linkedin, noticias…). O que caracteriza essa entidade? Que serviços oferece? Quem lá trabalha e que percurso profissional têm esses profissionais?
- Se tem uma ideia de negócio, conheça o que já existe no mercado sobre isso: nome das empresas, que serviços têm, quais as suas propostas de valor, que valores cobram, quem lá trabalha, de que forma podem ser contactadas…
Para conhecer a sua proposta de valor, deve então, refletir sobre que necessidades ou problemas é capaz de dar resposta, nomeadamente tendo em conta um determinado público-alvo. Esta resposta pode ser inovadora ou ser semelhante a outras que já existam, mas ter alguma característica diferente.
Um dos elementos que pode contribuir para a proposta de valor é trabalharmos sobre uma necessidade que é nova. Nesta situação temos como exemplos a necessidade de intervenção junto de pessoas com adição aos videojogos quando esta adição começou a ser uma realidade ou a área da gestão de carreira, decorrente das mudanças existentes ao nível do emprego.
Outro elemento que poderá criar proposta de valor é a utilização de técnicas que mostrem mais eficácia do que as habitualmente utilizadas. Ainda no domínio do que pode constituir proposta de valor de uma forma qualitativa, podemos considerar a forma como apresentamos os nossos serviços, por exemplo ao nível do design e do conforto do espaço e no investimento que fazemos na nossa marca pessoal.
As intervenções à distância constituem também uma proposta de valor, dado que tornam acessíveis serviços que de outra forma poderiam não ter viabilidade e constituem uma mais valia, por exemplo quando um Português está noutro país e pretende ser atendido por um Psicólogo Português (e não tem nenhum perto) ou na actual situação de isolamento que vivemos em que psicólogo e cliente não podem estar juntos presencialmente mas podem recorrer à tecnologia para promoverem esse contacto.
Para construir a sua proposta de valor, para além dos benefícios que o seu trabalho trará, poderá recorrer também à forma como o fará. Isto é, o que caracteriza a forma como alcançará os objectivos, que metodologia e técnicas utiliza.
Quando se candidata a uma oferta de emprego reflicta sobre o valor que vai acrescentar à entidade à qual se candidata, assim como que problemas ou necessidades prevê que vai ajudar a resolver. Se é trabalhador por conta própria, este mesmo exercício também se aplica quando pensar na forma como vai abordar os seus potenciais clientes. Assim, não estamos a falar dos serviços que tem para oferecer à entidade ou aos seus clientes, mas sim dos benefícios que lhes trará, especialmente quando comparado com outros serviços existentes. A sua proposta de valor deve diferenciá-lo dos demais, na medida em que o caracteriza e o distingue.
Referência da Citação: Rogers (1985, p. 32). Tornar-se pessoa (7ª Edição). Lisboa: Moraes Editores.