Artigo por Ana Sofia Nobre
Passaram apenas alguns dias do Halloween, uma tradição celebrada em muitos países e importada por tantos outros. Bruxas, vampiros, múmias, esqueletos e fantasmas, fazem parte do imaginário destes festejos, animados pelo culto do medo e do sombrio, entre “doces e travessuras”. No entanto, as figuras “assustadoras” não surgem apenas na celebração desta data, muitos são os “fantasmas” que nos acompanham em momentos particularmente desafiantes das nossas carreiras e um desses momentos, é sem dúvida a transição do ensino superior para o mercado de trabalho.
“[…] sabemos que a forma como percepcionamos a realidade envolvente, os nossos pensamentos, nomeadamente as nossas crenças, influenciam o nosso comportamento, particularmente a forma como nos posicionamos e abordamos o mercado de trabalho nesta fase de transição.“
Se já passou por essa transição, poderá acompanhar-me neste exercício de memória. Como se sentiu, o que pensava, quais os seus receios quando terminou a sua formação em Psicologia? Certamente que muitas foram as dúvidas e incertezas vividas, os medos e as inseguranças.
Por outro lado, se está prestes a terminar a sua formação ou se terminou recentemente e se se encontra actualmente a abordar o mercado de trabalho, poderá estar a vivenciar, no seu dia-a-dia, os desafios desta fase de carreira tão especifica. É importante que possa reflectir, identificar e reformular os pensamentos menos positivos que possam estar a ser contraproducentes no seu posicionamento profissional.
Não podemos desconsiderar os desafios que os períodos de recessão económica trazem à geração de emprego, assim como todos outros factores externos que influenciam as nossas carreiras e sobre o quais não temos controlo, no entanto, como Psicólogos/as ou futuros/as Psicólogos/as, sabemos que a forma como percepcionamos a realidade envolvente, os nossos pensamentos, nomeadamente as nossas crenças, influenciam o nosso comportamento, particularmente a forma como nos posicionamos e abordamos o mercado de trabalho nesta fase de transição.
E muitos são os “fantasmas” que revisitam o nosso pensamento, avivando um lado mais sombrio e que poderão tornar a nossa transição para o mercado de trabalho bem mais desafiante. Partilho convosco alguns exemplos, que resultaram do acompanhamento de proximidade realizado junto de vários estudantes de Psicologia, nas iniciativas Workshops EmCarreira e Academias OPP nestes últimos anos, e também de um processo de reflexão pessoal, que me reconduziu ao inicio da minha própria carreira, onde hoje, factores como tempo e distanciamento, me permitem sem dúvida, com maior clarividência identificar os “fantasmas” que surgiram nessa mesma fase e que não foram facilitadores da transição para o mercado de trabalho.
“Terminei agora a minha formação… não sei nada” – é certo que deve apostar na sua formação ao longo da vida e que todos nós, independentemente do número de anos de prática profissional temos tanto para aprender. No entanto, após 5 anos de estudos, muitas foram as aprendizagens realizadas e as competências desenvolvidas. Por vezes, o desafio é conseguirmos transformar os conhecimentos adquiridos (abstractos), na sua aplicabilidade prática, nos mais variados contextos de intervenção, contextos esses em constante mudança.
“Há sempre alguém melhor do que eu” – não façamos análises dicotómicas da realidade. Não somos melhores ou piores, somos todos diferentes, com competências, interesses e valores diferentes. As entidades definem o perfil mais indicado para determinada função e podemos estar mais ou menos próximos desse perfil, pelo que é essencial que possamos fazer uma abordagem ao mercado de trabalho com foco e que invistamos no nosso auto-conhecimento.
“O melhor é esperar que a oportunidade chegue…” – a passividade é o maior inimigo de uma transição bem sucedida para o mercado de trabalho. Quando nada fazemos, nada acontece!
“Agora com a pandemia…ainda pior” – é inegável o impacto da pandemia nas nossas vidas, mas tenhamos em consideração que todas as pessoas continuam a viver os seus desafios, têm necessidades e problemáticas especificas, nomeadamente, o período em que vivemos é particularmente desafiante para a saúde psicológica. A Psicologia continua a ser útil nos mais variados contextos, no entanto, é importante que possamos perceber a realidade dos contextos e reflectir, de que forma, a Ciência Psicológica pode ser uma mais valia para os desafios actuais.
“Ainda não estou preparado/a…” – creio que nunca nos sentiremos verdadeiramente preparados para a mudança e mesmo que seja o nosso maior desejo integrar o mercado de trabalho, por vezes poderemos adoptar uma atitude mais passiva porque não nos sentimos preparados. Tenha em consideração que também os passos que vamos dando na abordagem ao mercado de trabalho, ainda que a medo e com dúvidas, são optimos momentos de reflexão, aprendizagem, desenvolvimento e oportunidades de melhoria continua para alcançar os seus objectivos.
“Está tudo contra mim…” – quando as coisas não correm como esperamos, por vezes sentimos que nada está a nosso favor. Mas é importante que possamos canalizar as nossas energias para o que controlamos, e, na verdade, os “nãos” que até possamos ter ouvido após entrevistas, ou as “não respostas” (por exemplo), são independentes do “sim” que iremos ouvir.
Certamente, que se pensássemos em conjunto poderíamos encontrar muitos outros “fantasmas” que nos desafiaram ou desfiam neste momento de transição. Por esse mesmo motivo, é essencial que nos prepararemos para esta transição e que o possamos fazer em conjunto, por isso, se estás a estudar Psicologia já sabes que temos encontro marcado na próxima e.Academia OPP.