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O Que Tenho para Oferecer VS. O Que eu Quero

Artigo por Joana Almeida Monteiro

Na pesquisa por um emprego (ou até mesmo na procura do Ano Profissional Júnior), passamos algum tempo a pensar no que gostaríamos de alcançar. O que vai ao encontro dos meus interesses? O que me imagino a fazer? O que gostava de aprender num novo trabalho?

Toda esta reflexão prévia é da maior importância, pois é contributo para que encontremos o nosso foco, para que possamos estabelecer objectivos e passar à acção com um plano.

No entanto, por estarmos tão focados em nós próprios, poderemos tender a, na nossa comunicação, estar pouco sensíveis ao que melhor soa a quem abordamos. Será que, num primeiro contacto, interessa assim tanto ao director da entidade XPTO o que nós queremos aprender? Será que soa bem, num primeiro contacto, dizermos ao nosso cliente que temos de fazer um estágio que é uma chatice porque tem de ser senão não somos profissionais?

“Toda esta reflexão prévia é da maior importância, pois é contributo para que encontremos o nosso foco, para que possamos estabelecer objectivos e passar à acção com um plano.”

Quero com isto dizer que não se trata de desvalorizarmos o nosso sentir, as nossas circunstâncias, mas que o que dizemos e como dizemos tem impacto.

Alguns exemplos do que podemos dizer menos e podemos passar a dizer mais:

  • Diga MENOS “Preciso mesmo deste emprego/estágio.” || Diga MAIS “Acredito que posso ser a pessoa indicada para a função xxxxx.

Ao fazer esta mudança de discurso mostramos ao nosso potencial empregador que a função xxx para a qual estão a precisar de alguém pode ser desempenhada por nós, e devemos então passar a indicar porque é que somos o candidato ideal para tal.

  • Diga MENOS “Gosto muito de trabalhar em xxxx e sempre sonhei trabalhar na EMPRESA…” || Diga MAIS “À semelhança dos resultados que alcancei na coordenação de xxxx na minha experiência anterior na indústria XPTO, sei que poderei igualmente contribuir para que a ENTIDADE alcance os seus objectivos.

Neste exemplo vê-se como podemos evitar perder-nos a falar de nós e dos nossos interesses para demonstrarmos como as nossas competências (em experiências passadas – podem ser exemplos de trabalhos que tivemos mas também desenvolvidas em hobbies, experiências de voluntariado, papéis que assumimos como estudantes, etc.). Dando exemplos concretos fica mais fácil para o nosso potencial empregador projectar o nosso sucesso passado para o futuro, acreditando assim que somos o profissional ideal para a função.

  • Diga MENOS “Acho que este emprego seria para mim uma oportunidade de crescimento e uma forma de ganhar experiência.” || Diga MAIS “Estou motivado para esta função e acredito que conseguirei com rapidez aprender os procedimentos de xxxx e assim dar resposta às necessidades da ENTIDADE.

Se quisermos falar de como nos entusiasma uma oportunidade de trabalho, devemos enquadrá-la de forma mais concreta e ligada a detalhes da função em questão. Deste modo, mostramos que “estudámos” a entidade e a função a que nos propomos, revelando desde logo o nosso comprometimento e vontade de agarrar o desafio. Faz toda a diferença e evitamos discursos pouco diferenciadores (afinal, “todas” as pessoas querem crescer profissionalmente e ganhar experiência – isso diz pouco sobre nós a não ser que, talvez, somos pouco originais).

Tudo isto se trata de termos uma proactividade planeada, ou seja, de sermos activos no mercado e na nossa procura por oportunidades, mas de não o fazermos de forma pouco reflectida ou preparada. Conforme já sugerido anteriormente, não se trata de quantidade mas sim qualidade. Todo o e-mail, formulário de candidatura, carta de apresentação, deve ser escrito com calma, intenção e revisão. Toda a conversa telefónica, reunião ou entrevista de emprego ganha em ser preparada, pensada e tida como especial.

Uma vez feitas as coisas deste modo, sabemos que nos aproximamos um pouco mais de ver a possibilidade concretizada em oportunidade. Sabemos também que o fizemos de forma a demonstrar o melhor de nós como pessoas e profissionais, e que portanto um eventual “não” ou silêncio não será sinónimo de abordagem pouco preparada.

Aguarda-nos uma oportunidade para darmos o nosso melhor… ou pelo menos a ocasião para a criarmos, pois por vezes o mercado ainda não sabe que precisa de nós – teremos de o demonstrar!