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O que tem feito pelo seu "metro quadrado”?

Artigo por Rita Tavira Santos

Há umas semanas li num artigo de opinião, uma ideia que me tem ressoado por diversas vezes “Cada um de nós acrescenta ou pode acrescentar uma gota ao oceano, com os seus pequenos grandes gestos diários, mais ou menos visíveis, que suavizam as quedas, nos amparam e ajudam a sorrir”. Esta é de facto uma frase que me faz/ tem feito reflectir naquilo que são as minhas atitudes diárias e o impacto das mesmas nos outros. E surge sempre a questão “tenho contribuído para um mundo melhor?”. Sendo que neste mundo penso naquilo que é o “meu metro quadrado”, ou seja, naqueles que estão ao meu redor, família, amigos, comunidade, … Na lógica de que se todos contribuírem para que o “seu metro quadrado” seja melhor, então chegaremos muito longe, como se de uma rede que se vai multiplicando e que chega a Todos e trará mudanças no Mundo (assim gostava).

“… Na lógica de que se todos contribuírem para que o “seu metro quadrado” seja melhor, então chegaremos muito longe, como se de uma rede que se vai multiplicando e que chega a Todos e trará mudanças no Mundo (assim gostava).” 

Sempre tive muito presente em mim esta “urgência de mudar o Mundo”, principalmente no que toca as pessoas sentirem-se discriminadas e/ou marginalizadas, como se por alguma característica pessoal (seja ela qual for) não lhes fosse permitido sentirem-se parte do Todo e isso, na minha óptica, é um atentado contra a Liberdade a que todos temos (de ter) direito.

Toda esta reflexão fez-me voltar ao constructo das competências culturais que, de forma muito simples, se prende com a capacidade de interagir, compreender e comunicar com sucesso com pessoas de culturas diferentes. E a esse propósito partilho três das dez directrizes que fazem parte do Multicultural Guidelines: An Ecological Approach to Context, Identity and Intersectionality (2017):

Directriz 2. Os/As Psicólogos/as aspiram a reconhecer e compreender que, como seres culturais, eles próprios têm atitudes e crenças que podem influenciar suas percepções e interações com outros, bem como as suas concepções clínicas e empíricas. Assim, os/as psicólogos/as devem esforçar-se para ir além das conceptualizações enraizadas em suposições categóricas, preconceitos, e/ou formulações baseadas em conhecimentos limitados sobre indivíduos e comunidades.

Directriz 3. Os/As Psicólogos/as esforçam-se para reconhecer e compreender o papel da linguagem e comunicação através do envolvimento que é sensível à experiência vivida do indivíduo, casal, família, grupo, comunidade e/ou organizações com quem irão interagir. E ainda compreender como é a sua própria linguagem e comunicação nas interações.

Directriz 6. Os/As Psicólogos/as procuram promover intervenções culturalmente adaptativas e de defesa dentro e entre sistemas, incluindo prevenção, intervenção precoce e recuperação.

Estas Guidelines foram lançadas pela APA e pretendem assim incentivar os/as psicólogos/as a considerar como o conhecimento e a compreensão da identidade se desenvolvem e são disseminados na prática da psicologia, de forma a gerar intervenções multiculturalmente competentes. Sendo que a competência cultural é um projecto para toda a vida, na medida em que é um processo de desenvolvimento contínuo, visto que surgem no nosso dia a dia novas culturas constantemente e por isso é importante estarmos atentos para promovermos intervenções culturalmente competentes.

Em jeito de conclusão, deixo três pontos de partida para que possamos ser todos psicólogos/as com maiores competências culturais:

1) reflectir acerca da consciência dos próprios valores e estereótipos culturais;

2) obter conhecimento da forma como o outro percepciona o mundo;

3) adquirir conhecimento de estratégias de interação/intervenção apropriada à cultura.

E a proposta de reflexão “O que tem feito pelo seu “metro quadrado”?”