Artigo por Ana Sofia Nobre
Recorde-se do momento em que concluiu a sua formação universitária em Psicologia. Certamente sentiu um misto de emoções, por um lado uma pré-nostalgia da vivência da vida académica, por outro, os sentimentos naturais da fase de transição que se aproximava, que pressupunha a passagem para a vida activa, e por último, os sentimentos associados à conclusão de um ciclo de aprendizagem, que resultou de um processo de tomada de decisão ponderado, planeado, alinhado com os seus interesses, com determinada durabilidade temporal e investimento, com um inicio e fim.
“(…) a aprendizagem ao longo da vida deve estar ancorada na estratégia de desenvolvimento pessoal e profissional do próprio Psicólogo/a, enquanto agente activo do seu próprio processo de desenvolvimento“
É sem dúvida uma fase importante de vida, que nos permite desenvolver competências e realizar as aprendizagens fundamentais para o exercício profissional enquanto Psicólogo/a.
No entanto, um/uns ano/s depois, devemo-nos lembrar do conceito – Aprendizagem ao longo da Vida. Viver, é sem dúvida alguma aprender e a aprendizagem enquanto Psicólogo/a não fica confinada entre a data de inicio e de término da formação universitária. Está presente também na educação não-formal e nos mais variados contextos de vida, que contribuem para o nosso desenvolvimento integral enquanto pessoa/profissional.
A emergência de uma sociedade baseada no conhecimento, impõe novas formas de entender o mundo e remete-nos para um processo de aprendizagem que se estende para além da conclusão do ensino superior, um processo contínuo, sem limite ou definição temporal.
Mudanças aceleradas de contexto, colocam-nos novos desafios, situações complexas, que nos levam ao desenvolvimento de novas competências e novos saberes, para que nos consigamos adaptar ao mundo em que vivemos. Estas novas realidades puxam-nos para fora da zona de conforto, mas é efectivamente nessa zona que decorre o nosso desenvolvimento e que nos torna melhores profissionais.
Investir na aprendizagem ao longo da vida é a forma mais eficaz de garantir o sucesso no contexto dinâmico em que vivemos.
O processo de aprendizagem e desenvolvimento continuo pode estar associado à/às entidades com as quais colaboramos enquanto psicólogos/as, sendo que muitas entidades apostam e bem, em providenciar oportunidades de aprendizagem às suas equipas. No entanto, a aprendizagem ao longo da vida deve estar ancorada na estratégia de desenvolvimento pessoal e profissional do próprio Psicólogo/a, enquanto agente activo do seu próprio processo de desenvolvimento.
Deste modo, responder a questões como “Que aspectos do meu trabalho enquanto Psicólogo/a gostaria de melhorar?”, “Quais as reais necessidades do mercado de trabalho?”, “Quais as evidências científicas e actualização das mesmas na minha área de actividade?”, “Quais as competências e saberes que tenho menos desenvolvidos?” são exemplos de algumas questões que nos podem ajudar a criar um plano de desenvolvimento.
Estas reflexões permitem-nos mapear as competências e saberes que desenvolvemos até ao dia de hoje e simultaneamente, a direcção para onde pretendemos caminhar, possibilitando a identificação de necessidades e a criação de planos de aprendizagem, seja ela formal ou informal. Leva-nos a um processo de balanço de competências continuo, com pontos de partida e pontos de chegada, identificando vários caminhos potenciadores de desenvolvimento pessoal e profissional.
Mas na verdade, quanto mais investimos na aprendizagem e no desenvolvimento contínuo, mais próximo nos sentidos das palavras de Sócrates – “só sei que nada sei”.
A aprendizagem aumenta-nos também o campo de visão e da infinitude do processo de aquisição de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional, mas evidencia também a possibilidade de uma participação plena na sociedade e de uma melhor gestão das transições no mundo do trabalho.