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O que Dizem as suas Crenças?

Artigo por Ana Leonor Baptista

As nossas crenças são percepções ou entendimentos que temos sobre nós, sobre os outros e sobre o nosso contexto. As crenças são internas e frequentemente assentam nas nossas experiências de vida e na forma como as vivemos, pensamos e sentimos.

A teoria sociocognitiva da carreira diz-nos que é o indivíduo que tem a responsabilidade pela sua gestão de carreira – ou seja, é ele que determina, influencia e toma decisões de forma a gerir a carreira. Esta capacidade do indivíduo é influenciada por alguns factores, incluindo as expectativas de auto-eficácia, que remetem para as crenças que o indivíduo tem relativamente à possibilidade de realização com sucesso de um conjunto de acções que o aproxime dos seus objectivos de carreira.

No contacto com psicólogos, psicólogos júnior, estudantes e diplomados em Psicologia, há alguns padrões que se repetem no que concerne às crenças mais comumente identificadas…

“(…) Também no domínio da empregabilidade e da carreira nós postulamos regras a partir de poucos casos, demonstrando uma capacidade incrível para ignorar a totalidade e variação dos casos, que leva a que geremos crenças que vão muito além daquilo que os dados indiciam.”

– Com a minha idade, o mercado de trabalho já não me quer

– Acabei agora o curso, ainda não sei fazer nada

– Desisti de procurar trabalho na Psicologia e enveredei por outra área, queria voltar a tentar mas sinto que os empregadores já não me veem como psicólogo/a

– Não encontro Ano Profissional Júnior na área em que sonhei…terei de me submeter a fazer algo que (acho que) não gosto?

– Já enviei tantos currículos… se não me respondem, é porque não deve haver lugar para mim no mercado de trabalho

– Pedem experiência mas nunca trabalhei… como vou conseguir uma oportunidade?

Estes são alguns exemplos de ressonâncias comuns no percurso de carreira dos Psicólogos e correspondem a crenças limitadoras (crenças que impedem as pessoas de alcançarem os seus objectivos e de atingirem sucesso). No livro «A Vida Secreta da Mente» de Mariano Sigman, o autor exemplifica este “vício da confiança” na perfeição: imagine que tem um saco com 10.000 bolas – tira uma bola, a bola é vermelha. Tira a segunda bola, é vermelha. Retira a terceira, a quarta, a quinta, são todas vermelhas. Que cor terá a sexta bola? Será vermelha, claro. Só que, na verdade, ainda temos 9.995 bolas por analisar. Também no domínio da empregabilidade e da carreira nós postulamos regras a partir de poucos casos, demonstrando uma capacidade incrível para ignorar a totalidade e variação dos casos, que leva a que geremos crenças que vão muito além daquilo que os dados indiciam. Por outro lado, este tipo de crenças também remete as pessoas para um locus de controlo externo que em nada apoia a agência, papel activo, que o indivíduo tem de ter sobre a sua carreira (se tudo depende do acaso/de elementos externos, então nem vale a pena agir).

É importante que criemos espaço para reflectir sobre as nossas crenças e sobre as formas como elas interferem nos nossos pensamentos e comportamentos, para não sermos dominados por elas sem sequer nos apercebermos. No meu próximo artigo, irei abordar algumas estratégias concretas que poderão ser úteis para promover crenças de auto-eficácia que sejam positivas e facilitadoras do alcance de objectivos pessoais.

Até lá…