Artigo por Ana Sofia Nobre
Terminamos a faculdade e iniciamos a abordagem ao mercado de trabalho.
Fechamos um ciclo de colaboração com determinada entidade de forma voluntária ou involuntária.
Iniciamos o nosso próprio projecto em Psicologia.
Nestas e noutras situações semelhantes, relacionadas com transições de carreira, ouvimos muitas das vezes as palavras – Boa sorte!
Iniciamos o Ano Profissional Júnior logo após a conclusão do ensino superior.
Mantemos, desde a conclusão do ensino superior, um ciclo continuo de trabalho em Psicologia.
O nosso projecto profissional vai de “vento em popa”.
E muitas das vezes ouvimos – Teve sorte!
“[…] há variáveis que não controlamos e que influenciam a nossa carreira, a título de exemplo, numa conjuntura sócio-económica mais desfavorável há um decréscimo de oportunidades de emprego nas várias áreas profissionais, pelo que a Psicologia não é excepção.“
Estas diferentes realidades remetem-nos para algumas questões importantes, que merecem a nossa atenção e reflexão:
- Qual o papel da sorte na gestão de carreira dos Psicólogos?
- Será que o resultado/evolução/desenvolvimento de carreira é arbitrário e os acontecimentos ao logo da carreira advêm de algo metafísico?
- Será que esta “sorte” relacionada com a carreira é algo que pode ser criado/construído (ou não) pela acção do próprio?
É sabido que há variáveis que não controlamos e que influenciam a nossa carreira, a título de exemplo, numa conjuntura sócio-económica mais desfavorável há um decréscimo de oportunidades de emprego nas várias áreas profissionais, pelo que a Psicologia não é excepção.
No entanto, ainda que existam variáveis que não possam ser controladas pelo próprio, o conhecimento das mesmas é fundamental. A leitura do contexto em que nos posicionamos, as suas necessidades, a análise de oportunidades e barreiras, permite que possamos criar planos de gestão de carreira realistas e estratégicos, pois a carreira acontece em tempo e mundo real.
A gestão de carreira em Psicologia resulta de um percurso longo e contínuo de reflexão, planeamento, acção e monitorização constante, cuja evolução (ou se preferir sorte) requer abandonar a zona de conforto e percorrer caminhos em que por vezes a insegurança reina.
Trata-se de um processo consciente e intencional.
Que psicólogo sou? Como quero ser visto? Onde estou e para onde quero ir? Quais os meus valores, qual o meu propósito? Qual a minha proposta de valor e como me distingo dos demais? São exemplos de algumas questões, com as quais nos devemos debater e que nos farão investir de forma continua no nosso desenvolvimento pessoal e profissional, construindo carreiras com significado.
E se ao longo deste processo considerar, que ainda assim, a sorte tem um papel essencial na gestão de carreira, sabendo que a palavra sorte poderá ter significados distintos e variados, permita-me sugerir uma definição, para que possamos continuar a proferir as palavras Boa Sorte e Teve Sorte, associadas à carreira.
“A Sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra alguém preparado” – Séneca