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O efeito “Setembro”

Artigo por Ana Catarina Silva

Setembro é habitualmente o mês dos inícios, das entradas, do novo, como se tudo (para todos) começasse nesse mês. Para muitos, pelos percursos escolares, académicos, formativos, profissionais é assim, mas e então para nós, os que “apenas” regressamos ao habitual local de trabalho e/ou percurso académico já iniciado?

Para quem Setembro, Outubro ou qualquer outro mês é “tão somente” um regresso ao conhecido, às rotinas, às funções, actividades e responsabilidades sem “novidade”, como nos posicionamos e motivamos?

Efeito “Setembro”, como pode ser útil para nós?

 

  1. Autobiografia

Para quem já está posicionado/integrado no mercado de trabalho ou se encontra academicamente “ainda” longe do mesmo, o exercício da autobiografia (descrição/narração da história de vida pelo próprio), diferente portanto do currículo, poderá assumir uma importância e necessidade menores, compreensível, até certo ponto, pela sensação de controlo e conforto em que se encontra.

Atingir a velocidade de cruzeiro, não obstante essencial para o nosso equilíbrio, redução de stresse e maior percepção de controlo, se não consciente e constantemente desafiada pode revelar-se tão ou mais frustrante que a incerteza e o para/arranca em hora de ponta.

Atrever-se no exercício da autobiografia, pode, nesta altura do ano, ou em qualquer outra, ser um importante exercício de significação do presente e boost para a acção futura, consciencializando-o do caminho, escolhas realizadas, potencializando respostas.

Além da sugestão de recorrer à escrita, sugiro ainda que se foque nas emoções e palavras escolhidas. Poderá a sua autobiografia refletir o “é sempre a mesma velha história” marcada pelo “sempre foi assim” ou “nunca” aplicados à sua carreira, em todas as suas dimensões (profissional, pessoal, social…)?

Que histórias (experiências, desejos, fracassos, expectativas…) a sua autobiografia não conta?

Que emoções narra, ou oculta, na sua biografia?

A autobiografia pode ser uma ferramenta muito útil para a gestão pessoal da carreira, que pode não implicar, propriamente, uma transição ou mudança radical. Este “Setembro”, este ano, pode tão somente culminar num auto-reconhecimento e desfrutar do caminho realizado, verificação dos objectivos e metas alcançados, contribuindo para (re)organização pessoal, construção e valorização da identidade profissional, validando decisões e a escolha motivada no investimento e crescimento na “manutenção”.

De igual forma, este “Setembro” pode culminar numa nova perspectiva e despertar que incite à mudança (reflectida e em controlo) da “sempre mesma velha história”. Ao longo deste blog encontrará vários artigos sobre a mudança e estratégias que auxiliam e promovem a mesma. Também no site PsiCarreiras encontrará diferentes iniciativas e recursos que o ajudarão neste processo. Poderá ainda aceder ao programa Valorizar.me, no qual terá acesso a um conjunto diversificado de cursos que contribuem para o constante desenvolvimento profissional dos Psicólogos e da sua valorização profissional.

 

  1. (Re)Organização

Aproveitar a estabilidade do regresso a uma rotina e a uma zona de conforto, para a (re)organização pessoal e profissional, não é afinal o que adiamos, mas ambicionamos concretizar nos outros 11 meses do ano?

Usufruir da estabilidade, conforto e maturidade alcançados para investir numa melhor organização e/ou reorganização pessoal e profissional, pode ser tão motivador e desafiante como uma transição ou mudança radical.

 

  1. Construção e valorização da identidade profissional

A estabilidade da e na carreira, não significa estagnação e inércia, bem pelo contrário.

O conforto deste controlo pode e deve ser motor de acção, melhoria e investimento constantes em várias dimensões, essenciais, enquanto profissionais de Psicologia, mas frequentemente descuradas:

  • Actualizar e usufruir em pleno das potencialidades das redes profissionais, como o LinkedIn, desafiando-se a aumentar e enriquecer a sua rede de contactos profissionais, investindo no conhecimento do trabalho de outros profissionais, dando igualmente a conhecer o seu trabalho e percurso, inspirando outros colegas na construção das suas carreiras, contribuindo para a identidade profissional da Psicologia.

  • Aposta em formação profissional constante e actualizada – permitindo exercer a actividade profissional “de acordo com os pressupostos técnicos e científicos da profissão, a partir de uma formação pessoal adequada e de uma constante actualização profissional, de forma a atingir os objectivos da intervenção psicológica” (Princípio B – Competência, Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses).

  • Recurso à Supervisão e Intervisão – Acompanhando o desenvolvimento e mudança constantes na prática profissional da Psicologia.

 

Potencializar o efeito “Setembro”, seja em que mês do ano for, pode ser uma ferramenta útil e motivadora para a gestão pessoal da carreira, seja como impulsionador de uma transição/mudança, seja como uma acção concertada de melhoria da prática profissional e pessoal.