Numa (boa) Carta de Apresentação, Usa a Tua Voz

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Artigo por Edite Queiroz

É sabido que uma boa carta de apresentação é um instrumento elementar numa candidatura a um posto de trabalho, na Psicologia ou em qualquer área de actividade. Deve permitir destacar uma candidatura entre as demais e, por isso, pode fazer toda a diferença num processo de recrutamento. Paradoxalmente, abundam na Internet inúmeros exemplos de cartas-tipo que, ao invés de estimular essa singularidade, promovem apresentações estandardizadas, anulando aspectos tão relevantes e reveladores como a espontaneidade, a criatividade ou o discurso pessoal (na verdade, o mesmo se aplica formalismo dos modelos de curricula vitae). Recorde-se que, para além das competências técnicas, as competências sociais e comportamentais, resultantes da individualidade do percurso de cada pessoa, têm um valor inestimável, particularmente para os Psicólogos e Psicólogas.

Comecemos por sublinhar que a carta de apresentação é o primeiro contacto de quem recruta com quem se candidata, portanto, a primeira oportunidade de causar uma boa impressão. Por isso, escapar à estandardização é fundamental.

“Uma boa carta é a tua carta e pode ser a chave na porta do emprego que procuras. Se o queres e achas que és a pessoa certa … a melhor estratégia é dizer, honestamente, porquê.”

É certo que uma boa carta de apresentação deve, em primeiro lugar, responder a duas perguntas elementares: 1) porque sou a pessoa certa para o lugar? e 2) o que posso acrescentar à instituição? Aqui reside a primeira regra de ouro: É de evitar responder a anúncios de forma indiscriminada, mas apenas aos que, de facto, se ajustam às tuas competências, interesses e aspirações. Do teu verdadeiro interesse depende a motivação certa para investigar a natureza da instituição e respectiva missão, a capacidade para te pronunciares sobre ela de forma entusiasta e o empolgação para explicar os motivos pelos quais acreditas poder oferecer um contributo de valor. Plasmar estes aspectos na carta de apresentação implica personalizá-la – ainda que não descuidando aspectos formais que denotam cuidado e profissionalismo.

Não nos centraremos aqui nesses aspectos, de resto, amplamente discutidos, mas em algumas notas a considerar para escrever uma carta verdadeiramente interessante:

  1. Sê claro/a no propósito, usando frases simples e directas, que expliquem os motivos da candidatura de forma franca e pessoal – Usa a tua voz, evita exageros e demonstra entusiamo genuíno.
  2. Reforça apenas as competências e experiências profissionais que correspondam ao perfil mencionado no anúncio (muito dificilmente existe uma correspondência de 100% entre tal perfil e as nossas competências), evitando desvirtuar aspectos do teu percurso para corresponder aos requisitos.
  3. Levanta o véu sobre quem és, mencionando qualidades e características pessoais que avalies como relevantes para a posição em causa (por exemplo, interesses ou experiências pessoais) e evitando sempre o autoelogio. Na Psicologia, talvez mais do que em qualquer outra área, tudo o que somos impacta o que fazemos.
  4. Avalia a tonalidade e impacto emocional da carta, lendo-a em voz alta ou solicitando a sua leitura a alguém fora da área (o que pode também ser útil para efeitos de revisão de texto e correcção de qualquer gralha que possa ter escapado).

Em suma, esquece os modelos e cartas pré-fabricadas: Uma boa carta é a tua carta e pode ser a chave na porta do emprego que procuras. Se o queres e achas que és a pessoa certa … a melhor estratégia é dizer, honestamente, porquê.