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Não fui seleccionad@ para o emprego… Porquê?

Artigo por Ana Leonor Baptista

Haverá uma multiplicidade de factores, internos e externos, dentro e fora do nosso controlo, que poderão explicar o motivo pelo qual um candidato não é seleccionado para determinada oportunidade de trabalho. Muitas das vezes (quando não há feedback por parte da entidade) o candidato nunca saberá, ao certo, porque é que não conseguiu o emprego.

Há, porém, alguns aspectos transversais sobre os quais poderá ser interessante pensar no rescaldo de uma “rejeição laboral”.

  • O meu CV/a minha carta de motivação falharam em “vender-me”

Por vezes o/a psicólogo/a ou futuro/a psicólogo/a poderá ter um perfil excelente de competências, pode ter uma experiência muito interessante e um percurso de vida que o tornaria um contributo espectacular para determinada entidade. Mas nem sempre o próprio candidato percebe isso… e, em algumas ocasiões, até pode perceber mas não o consegue transmitir. É muito importante que, perante cada candidatura, o/a psicólogo/a ou futuro/a psicólogo/a possa ajustar o seu CV e a sua carta de motivação, para que estes elementos estejam adaptados aos requisitos daquele emprego em particular.

“É muito importante que, perante cada candidatura, o/a psicólogo/a ou futuro/a psicólogo/a possa ajustar o seu CV e a sua carta de motivação, para que estes elementos estejam adaptados aos requisitos daquele emprego em particular.”

Imaginemos o seguinte cenário – estou a candidatar-me a uma vaga que elenca como requisito experiência na gestão de projectos. Eu nunca tive, formalmente, experiências profissionais em que gerisse projectos. No entanto, enquanto estudante fui responsável por criar e gerir um projecto do Núcleo/ noutra esfera da minha vida, eu tenho esta experiência de forma mais informal. Cabe-me a mim mostrar que, não obstante não ter este requisito formalmente, desenvolvi (através de outras experiências) competências que são importantes e que, de certa forma, me habilitam para o desempenho de funções e tarefas inerentes à gestão de projectos. Ou seja, cabe-me a mim, ao analisar uma vaga ou uma determinada função que me agrada, perceber o que é que no meu percurso está alinhado com o que a entidade procura/precisa… e cabe-me a mim demonstrar esse alinhamento, mesmo que de forma “menos convencional” ou “menos formal”.

  • O meu perfil pessoal pode não se alinhar com o da restante equipa/entidade

Por vezes, a tomada de decisão pode basear-se menos na mera aferição de competências e conhecimentos compatíveis com e adequados à vaga em questão, e as características pessoais podem ganhar uma dimensão importante. Faz sentido que os candidatos assumam, em entrevista, um estilo de comunicação positivo e uma atitude empática, para possibilitar o estabelecimento de uma relação com o entrevistador e uma boa primeira impressão.

No entanto, nem sempre as escolhas serão tomadas “preto no branco” e há factores que não dependem, de facto, do candidato. Imaginemos outro cenário – eu sou gestor de uma equipa multidisciplinar e estou à procura de alguém para integrar a minha equipa. Equipa esta que é bastante jovem, muito dinâmica, com muitas ideias, muita energia, um ritmo de trabalho acelerado. Tenho um candidato que em termos de competências e conhecimentos é exactamente aquilo que eu procuro, porém é uma pessoa mais madura, mais experiente, simultaneamente menos dinâmica e menos enérgica, com um ritmo de trabalho mais moderado que acompanha a etapa de vida em que a pessoa se encontra. Se calhar uma pessoa com este perfil não vai enquadrar-se com a restante equipa, pois está em falta o factor “compatibilidade” que pode ser importante de aferir para quem gere a equipa. De notar, que não há nada de errado no perfil descrito – trata-se apenas de uma questão de incompatibilidade de registos, de estilos de trabalho.

  • Não mostrei que queria mesmo aquela oportunidade

Este aspecto pode parecer muito básico, mas por vezes a ansiedade ou o nervosismo de estar em contexto de entrevista de emprego, ou a própria ânsia de enviar uma candidatura para um emprego que nos atrai muito, pode fazer-nos esquecer de demonstrar a nossa real motivação, o nosso entusiasmo, a atracção que sentimos pela função em questão ou pela entidade.

Perante dois candidatos excelentes, irá certamente ser colocado aquele que demonstrar o seu interesse de forma mais clara.

Existem várias possibilidades explicativas da rejeição de um candidato e, como já foi referido, há também uma grande probabilidade de o mesmo poder nunca vir a saber qual o real motivo pelo qual não ficou com o emprego. Não obstante a rejeição ser quase sempre sentida como uma desilusão, poder reflectir sobre alguns destes pontos pode ajudar a repensar uma candidatura futura, pode ajudar a repensar a forma como se elabora um CV ou uma carta de motivação, pode ajudar a olhar criticamente para os estilos de comunicação e para as componentes atitudinal e comportamental das entrevistas e pode ajudar a conjecturar hipóteses realistas que apoiem no desenvolvimento do marketing pessoal/profissional dos candidatos, ajudando a alcançar desfechos diferentes (e mais positivos) no futuro.