Artigo por Anita Dias de Sousa
“A inovação consiste em ver o que todos viram e em pensar no que ninguém pensou.” ― Albert Szent-Györgyi
Os dados mais recentes mostram que Portugal é o 12º país mais inovador na UE27. A inovação tem sido um dos elementos que tem contribuído para posicionar Portugal a nível internacional. Em consequência, segundo o European Innovation Scoreboard, desde 2016 Portugal foi o quarto país da União Europeia com um maior desenvolvimento ao nível da inovação, sendo agora considerado um país “fortemente inovador”. Decorrente do processo de globalização e das crescentes dinâmicas de concorrência internacional, a economia portuguesa tem enfrentado diversos desafios e consideráveis transformações estruturais impostas pela abertura a novos mercados, pela alteração dos padrões de consumo, e pelo processo de transformação digital e ambiental.
O conceito de inovação segundo O Manual de Oslo é (p.22):
“… um processo ou produto novo ou melhorado (ou a combinação dos dois) que diferem das suas versões anteriores e que tenham sido disponibilizados a potenciais utilizadores (produto) ou trazidos para dentro da unidade (processo).” Isto é, a inovação refere-se a algo para além de uma nova ideia ou uma invenção – traduz-se em atividades dinâmicas, que ocorrem em todos os setores de uma economia. Falamos de empresas e inúmeros perfis de indivíduos que dão o seu contributo. São as pessoas que geralmente promovem as alterações a produtos e processos, recolha e distribuição de novos conhecimentos.
“O tempo é, assim, um ingrediente premium para a promoção da inovação, que carece de uma análise constante – a falta de espaço/tempo impossibilita a criatividade – mas a falta de prazos também inibe pensamentos inovadores no trabalho. Simultaneamente, o trabalho em equipa também promove o pensamento criativo. […] Não só os génios têm ideias inovadoras, nem estas caem do céu – (co)constrõem-se! “
Podemos também pensar, que a inovação se baseia num equilíbrio entre segurança e liberdade – num espaço para a autonomia e pensamentos criativos. Um ambiente seguro, para a (co)criação, como se fosse a configuração das nossas próprias soluções desejadas, como um ousado cappuccino de soja, com notas de canela, chocolate e, quem sabe, caramelo salgado. Ou seja, atualmente uma abordagem com “tamanho único” torna-se desatualizada. Falamos sim, de flexibilidade, de adaptação a necessidades individuais, de horários flexíveis, de oportunidades de trabalhar fora do escritório, mas também de “permanência no trabalho” – isto é, poder expressar livremente o seu estilo de trabalho, de apresentação, de hábitos, de formas de pensamento. Promovendo uma crescente harmonização do trabalho e tempo livre.
O tempo é, assim, um ingrediente premium para a promoção da inovação, que carece de uma análise constante – a falta de espaço/tempo impossibilita a criatividade – mas a falta de prazos também inibe pensamentos inovadores no trabalho. Simultaneamente, o trabalho em equipa também promove o pensamento criativo. Onde todos os elementos têm um papel ativo e significativo, funcionando em mutualidade. Não só os génios têm ideias inovadoras, nem estas caem do céu – (co)constrõem-se! Com muito empenho e flexibilidade. Uma cultura de trabalho criativa e inovadora, não requer necessariamente gerentes de inovação, mas simplesmente uma cultura corporativa com certa liberdade. Colaboradores altamente motivados, criativos e inovadores que descobrem pontos cegos, trazem uma lufada de ar fresco para estruturas incrustadas e resolvem problemas. Porque não transformar os colaboradores existentes em impulsionadores da inovação e torná-los ainda mais felizes? Mais liberdade e responsabilidade pessoal, que anda de mãos dadas com muita confiança por parte do empregador, que num cenário de sucesso também se traduz numa grande percentagem de satisfação global.
A cultura de inovação é também uma cultura de erro, elemento saudável e essencial para beneficiar dela a longo prazo. Onde se trabalha em conjunto e naturalmente, ideias sobre problemas que antes tínhamos dificuldade em resolver vão nascendo. Assim, um ambiente dinâmico e a capacidade de inovação de uma empresa são fatores-chave que fortalecem significativamente o sucesso económico e, portanto, a sobrevivência sustentável de uma empresa. A propósito, um dos conceitos de inovação mais conhecidos é o conceito dos “20% de tempo”. Introduzido pela Google, para incentivar os colaboradores a dedicar 20% do seu tempo (neste caso, um dia por semana), a ideias inovadoras. Produtos de sucesso, como o Google Maps, o Gmail ou o AdSense foram criados neste contexto. Só porque vários colaboradores tiveram uma pequena ideia e o espaço para implementá-la.
Ambientes promotores de inovação são maravilhosos, são espaços de crescimento, de evolução! Dessa forma convidamo-lo a conhecer a iniciativa da Ordem dos Psicólogos Portugueses, atualmente na sua 5ª edição – O Prémio Inovação na Intervenção Psicológica, destinado a estudantes de Psicologia em Portugal (1.º e 2.º ciclos). Onde o objectivo é promover e premiar a inovação, o método, a criatividade e o rigor científico em projectos de Intervenção Psicológica. Onde são construídas soluções através da ciência psicológica para problemas dos indivíduos, sistemas ou comunidades, relacionados com os principais desafios societais que enfrentamos, enquanto sociedade.
Esperamos que este artigo vos tenha inspirado tanto, quanto a nós!