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Identificar a minha Competitividade (pt.2) – Análise VRIO para me Destacar

Artigo por Joana Almeida Monteiro

No anterior artigo (que podemos considerar a parte 1) vimos a importância de, para nos posicionarmos face ao mercado de trabalho e potenciais “concorrentes”, devemos começar por nos conhecer bem, e também por analisar o ambiente que nos rodeia. Ficou, assim, a sugestão de se utilizar a análise SWOT como ferramenta orientadora dessa reflexão.

Quando temos a percepção de que existem poucas vagas e oportunidades e que existem muitos outros colegas à procura do mesmo que nós, a tendência que temos é lembramo-nos daquelas máximas como “o tempo é dinheiro”.

Na abordagem ao mercado de trabalho, isto é, ao comunicarmos com [potenciais] empregadores (seja para um emprego por conta de outrem, seja para clientes que queremos que “comprem” o nosso projecto ou serviços), por vezes temos dificuldade em mudar a ênfase de “quero um trabalho” para “tenho algo que vos interessa”. Faz toda a diferença para quem nos ouve que o nosso discurso tenha o principal foco neles, e não em nós próprios (pelo menos de forma mais evidente). Imaginemos que vamos ao mercado municipal comprar legumes para uma salada, e que o vendedor de uma das bancas nos aborda dizendo “compre este tomate, que eu preciso mesmo de escoar o stock. O melhor é comprar-me a mim pois eu gosto imenso de trabalhar junto do público e para pessoas como o sr. “Cliente”. Não faz sentido nem nos dá grandes argumentos para que escolhamos comprar nesta banca e não noutra. Mas, se o discurso for “se o que procura é para fazer salada sugiro este tomate coração de boi, que tem uma polpa firme e um sabor adocicado; se levar meio quilo ainda lhe ofereço uma cebola para a salada”. Naturalmente que este exemplo é exagerado mas mostra-nos como nós, como clientes, preferimos que quem se preocupa em perceber o que precisamos, e assim nos vende algo direccionado ao que nós queremos, nos informa e ajuda a escolher algo que nos “resolve o problema”.

“…a reflexão acerca da vantagem competitiva é certamente uma componente importante no desenvolvimento profissional dos psicólogos.

Assim sendo, convém prepararmo-nos para identificar como é queos nossos serviços de Psicologia, ou até mesmo nós próprios como Psicólogos, somos diferenciados da concorrência, de modo a podermos depois veicular essa mensagem. Para isso, sugeria a matriz de estratégia VRIO – V de Valor, R de Raro, I de Inimitável, e O de Organizado.

  • V | ValorO que tenho para oferecer é valorizado pelo meu [potencial] cliente/empregador? Se não, então estou em desvantagem competitiva e terei de reavaliar o que estou a oferecer para criar valor. Se sim, avancemos na análise.
  • R | RaroO que tenho para oferecer é algo que é procurado e não há muitas pessoas a oferecer? Se não, ou seja, se tem valor mas não é raro, estou em paridade competitiva, isto é, o que ofereço é igual ao que tantos outros têm. Se sim, avancemos na análise.
  • I | InimitávelO que tenho para oferecer é difícil ou caro de substituir, imitar, duplicar? Se não, ou seja, se tem valor e é raro, mas é possível com relativa facilidade substituir ou imitar o que tenho a oferecer, então tenho uma vantagem competitiva temporária. Se sim, avancemos na análise.
  • O | OrganizadoConsigo, com eficácia, aproveitar esta minha vantagem competitiva? Isto é, o meu [potencial] cliente/empregador acolhe, reconhece e efectivamente aproveita o que tenho a oferecer? Se não, ou seja, não me reconhecem as qualidades que tenho eu e/ou o meu projecto/serviço ou não há recursos para o aproveitar, então tenho uma vantagem competitiva por usar. Se sim, parabéns, tem uma vantagem competitiva sustentável!

O primeiro grau da análise, relativo ao valor, é fundamental – seria o mesmo que o senhor do mercado tentar vender uma tesoura quando o que nos interessa é fazer uma salada. As nossas competências são úteis e importantes para aquela entidade? O nosso serviço de Psicologia vai ao encontro do que o público-alvo da entidade necessita?

Considerando que o tópico é competitividade, pensar na raridade do que temos para oferecer também tem sentido, pois é diferenciando-nos que podemos destacar-nos quando há várias propostas/candidaturas a concorrer com a nossa. Se o meu conjunto de competências é demasiado igual ao de todos os outros candidatos, não me destaco. Se o meu serviço não tem nada que o diferencie de tantos outros do mesmo género, sou só mais um.

No que diz respeito ao ser dificilmente imitável, podemos pensar em áreas de formação que nos tornam profissionais únicos, conhecimento especializado em áreas menos comuns, ou até mesmo um produto/serviço de Psicologia que é tão específico que não será fácil encontrar quem mais o preste do modo como nós o prestamos. Um exemplo claro é, por exemplo, a exclusividade do uso de testes e provas psicológicas por Psicólogos, o que nos torna profissionais únicos face a outras áreas profissionais.

E por fim, mas não menos importante, a organização como peça essencial para uma verdadeira competitividade. Podemos ter algo de incrível mas não terem recursos para nos pagar. Ou algo mais dramático, termos uma vantagem competitiva e não a conseguir demonstrar ao seu [potencial] empregador/cliente, por não termos um pitch devidamente preparado.

Seja aplicado na sua pesquisa por um novo emprego, ao processo de distribuição/venda dos seus projectos de Psicologia, ou até mesmo com vista à negociação de melhores condições no local onde trabalha, a reflexão acerca da vantagem competitiva é certamente uma componente importante no desenvolvimento profissional dos Psicólogos.