Não é segredo, e foi inclusive devidamente explorado no 2º volume dos ebooks PsiCarreiras, o quão imprevisível, dinâmico e competitivo é o mundo em que vivemos hoje. Quem está prestes a abordar o mercado de trabalho ou quem começa a explorar o seu possível futuro compreende com relativa facilidade que não basta ter um curso de Psicologia e ter os conhecimentos técnicos e teóricos associados a um percurso de estudos que habilita para o exercício da profissão. Fugir ao “mais do mesmo” é perceber que na unicidade e singularidade de cada percurso está o factor diferenciador que pode facilitar a inserção no mercado de trabalho. Há muitas competências altamente valorizadas pelo mercado de trabalho (ver por exemplo este artigo e também este), mas hoje debruçamo-nos sobre as competências empreendedoras.
Inovar, procurar novas soluções para problemas (sejam estes problemas mais antigos ou mais recentes), ser criativo, integrar por exemplo a utilização de novas tecnologias com a Psicologia, a criação de novos serviços / produtos que respondam às necessidades emergentes da sociedade, são competências-chave para a empregabilidade. Ter um espírito empreendedor não é sinónimo de almejar criar um negócio ou uma empresa, falamos sim de cultivar uma mentalidade atenta às oportunidades, focada nas soluções e resiliente face aos desafios. Uma competência-chave desde 2020 tem sido a adaptabilidade – um profissional que se adapta (a diferentes contextos de trabalho, a viragens no panorama, a novos desafios) é um profissional mais apto e preparado para o mercado de trabalho do futuro. Não só a adaptabilidade, mas também a liderança, a gestão de pessoas e de projectos e a comunicação são competências e “saberes fazer” que, ligados ao empreendedorismo, são considerados cada vez mais relevantes pelos empregadores.
Como é que um estudante pode desenvolver competências empreendedoras durante o seu percurso académico? Partilhamos algumas ideias:
— Envolvimento num programa de mentoria: inscrever-se/integrar um destes programas como mentor de outros estudantes, auxiliando-os a gerir melhor o seu tempo, fornecendo dicas de estudo para a época de exames, etc.;
— Propor um projecto de investigação inovador: porque não aproveitar o momento da dissertação de mestrado para explorar “fora da caixa”, conduzindo um projecto de investigação sobre uma área ou um tópico emergente no âmbito da psicologia (e.g.: inteligência artificial na psicologia, o uso de realidade virtual no âmbito do acompanhamento psicológico, riscos psicossociais, psicologia e o ambiente)?;
— Criar um blog/perfil numa rede social/podcast sobre Psicologia: por exemplo, criar um ciclo de entrevistas com profissionais, discutir com outros estudantes sobre teorias da Psicologia, fazendo uso das redes e canais de comunicação mencionados;
— Investir no desenvolvimento pessoal e profissional contínuo: fazer cursos, participar em eventos ou projectos que se alinhem com os interesses do estudante (mesmo que os mesmos não se circunscrevam, apenas, à Psicologia);
— Criar algo novo: pode ser um evento, pode ser um ciclo de workshops ou webinars, focado por exemplo numa área de Psicologia que seja do interesse do/a estudante. Podem ser estabelecidas parcerias com os núcleos/associações de estudantes ou com a própria instituição de ensino superior, de forma a colocar em prática o plano, o que simultaneamente apoia a criação de redes de contactos;
— Ponderar candidatar-se para ser o/a próximo/a Estudante Embaixador@ OPP: em breve vamos divulgar a abertura das candidaturas para seleccionar a 2ª geração de Embaixador@s OPP! Uma iniciativa que visa criar mais uma referência próxima e disponível para apoiar na mediação da comunicação entre a Ordem e os/as estudantes, facilitar a divulgação de iniciativas e informações relevantes sobre a profissão e o acesso à mesma, dar mais voz aos/às estudantes de Psicologia junto da OPP e promover mais conhecimento sobre a profissão. Muito em breve actualizaremos o nosso site e anunciaremos nas redes sociais a abertura de candidaturas, mas até lá ficamos disponíveis para qualquer dúvida através do endereço academiaopp.embaixador@ordemdospsicologos.pt.
Em suma, a integração de competências de empreendedorismo no percurso de estudos potencia o desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas e prepara-as melhor para uma carreira em Psicologia, permitindo-lhes fugir do “mais do mesmo” e sair fora da caixa, assumindo a singularidade do seu percurso e aproximando cada um da sua proposta de valor.