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Finalista em Tempos de Pandemia

Artigo por Ana Sofia Nobre
Margarida está a concluir o último ano do mestrado em Psicologia. Um momento de tal importância que merecerá festejos. Durante os 5 anos de estudo, investiu o seu tempo e esforço para atingir esta meta e não consegue pensar nela sem esboçar um sorriso- está quase. No entanto, quanto mais se aproxima deste momento, os seus sentimentos começam a ser cada vez mais ambivalentes. A alegria e sentido de auto-eficácia de quem define objectivos e investe numa trajectória até ao alcance dos mesmos, cruza-se, com uma visão ansiosa acerca do seu futuro.
Foram cerca de 17 anos de percurso escolar, o seu papel enquanto aluna, de exigência crescente, enquadrado num sistema de ensino, foi sendo cada vez mais claro, e à medida que simultaneamente ia desenvolvendo um maior conhecimento acerca de si própria e do contexto,  conseguia prever o ano seguinte: aulas, aprendizagem, estudo, momento de avaliação, interrupções lectivas, exames, trabalhos de grupo, etc. Era-lhe sabido que à medida que ia “subindo” no seu percurso escolar, seria confrontada com a necessidade de realizar aprendizagens mais exigentes, mais complexas, no entanto, o seu papel de aluna era-lhe claro e de certo modo previsível.
No último ano do mestrado, a possibilidade de abandonar o papel de aluna e iniciar a sua vida activa enquanto Psicóloga Júnior, um momento tão esperado, surge acompanhado de tantas questões que a preocupam. A possibilidade de iniciar esta nova fase, leva-a a viver os desafios desta transição, com uma nova variável, uma crise pandémica, que tem vindo a mudar ao nível mundial a forma como vivemos, como nos relacionamos, como trabalhamos.

Se tal como a Margarida, concluiu ou está prestes a concluir os seus estudos em Psicologia é natural que possa estar com receio desta nova fase. Por si só, a transição do ensino superior para o mercado de trabalho é uma transição exigente, que surge acompanhada de imensas questões e dúvidas.

Por outro lado, a Psicologia tal como foi conhecendo no seu percurso académico, de proximidade, frente-a-frente, também ela na forma de chegar junto dos destinatários, em virtude da situação em que vivemos, tem vindo a sofrer algumas nuances.

Todos estes cenários levantam dúvidas, receios, medos, sentimentos de frustração e algumas angústias, é natural.

Não permita que o receio e sentimentos negativos, impossibilitem a adopção de uma atitude activa na abordagem ao mercado de trabalho. Pegando nas palavras de Arthur Ashe “Comece onde está, use o que tem, faça o que puder”.

  • Tenha em consideração que muito embora vivamos um momento particular devido à crise pandémica, pelo que se torna desafiante efectuar projecções sobre o mercado de trabalho, os momentos de crise também eles são momentos de oportunidades. Em momento algum, foi tão evidente a importância e o papel dos Psicólogos e da Saúde Psicológica nos mais variados contextos, como nos dias de hoje;
  • O Ano Profissional Júnior é o seu primeiro ano de prática profissional enquanto Psicólogo, tenha em consideração que nenhuma entidade está disponível para lhe “dar” um estágio. Evite abordar o mercado de trabalho, utilizando este argumento. Tenha em consideração que as entidades têm necessidades especificas e em função dessas necessidades procuram respostas. Reflicta de que forma os seus conhecimentos em Psicologia poderão responder a essas necessidades. Enquadre a fase do ciclo de desenvolvimento profissional em que se encontra junto das entidades, mas prepare e desenvolva a sua Proposta de Valor.
  • Tenha em consideração que “menos é mais”, o sucesso na abordagem ao mercado de trabalho em Psicologia não se avalia pelo número de anúncios e de CV enviados. Quando estamos muito centrados na quantidade, colocamos em causa a qualidade. Responda a anúncios de forma personalizada e/ou apresente propostas junto das entidades, evidenciando o conhecimento acerca da entidade, cruzando com o seu perfil de competências, áreas de interesse e o que ganhariam com a sua integração.
  • Identifique áreas e contextos de intervenção que possam estar mais alinhados com os seus interesses e aptidões. É natural que no início do seu percurso profissional, seja mais desafiante efectuar esta reflexão, até porque há tanto a descobrir em relação à Psicologia. No entanto, para criar um plano para abordar o mercado de trabalho é fundamental que tenha foco, até como forma de se preparar em termos de aprofundamento de conhecimentos em determinados contextos ou áreas de intervenção e de modo a que lhe seja possível pensar em objectivos concretos.
  • Por último, mantenha uma atitude positiva, clarifique os seus objectivos e passe para a acção, seja proactivo e resiliente. Acredite em si e nas suas capacidades!