Artigo por Marta Alves
Das coisas que mais temos ouvido (e dito!): “estou mesmo a precisar de férias”.
Já todos ouvimos falar da importância das férias a vários níveis e de várias perspetivas. Sabemos que o descanso é importante para a saúde física e mental e, com isso, levar-nos a ter um melhor desempenho, produtividade e bem-estar.
Também ouvimos falar dos que “conseguem desligar”, mergulhando nas férias, como se bastasse activar o botão “on férias”, enquanto existem outros que dizem que quando começam a conseguir descansar “já está na altura de regressar novamente ao trabalho”.
No e-book Equipas de Alto Desempenho podemos explorar a importância do conceito de “oscilação”, que “representa a ligação entre a recuperação e a estimulação necessária para atingir os objectivos” e que o alto desempenho está ligado à capacidade de equilibrar o stresse com momentos de recuperação e é neste equilíbrio que prevenimos o burnout. “A literatura refere bons hábitos alimentares e rotinas saudáveis de sono, emprego do humor e da música como algumas das formas de recuperar o equilíbrio físico, emocional e mental. Para além disto, outras formas criativas de recuperar incluem: olhar para o nada, passear o cão, beber algo numa esplanada, passear com alguém, ler um livro, jogar um jogo lúdico, entre outros. Em última instância, cada um tem as suas formas criativas de recuperar, o importante a retirar desta secção é perceber se as pessoas que acompanhamos estão atentas aos fenómenos da recuperação do mesmo modo que estão atentos aos fenómenos da energização, averiguando simultaneamente se compreendem a importância da regulação emocional enquanto uma das competências de vida essenciais para uma boa gestão emocional.” (p. 36).
“(…) o alto desempenho está ligado à capacidade de equilibrar o stresse com momentos de recuperação e é neste equilíbrio que prevenimos o burnout.“
Gerir carreira também é gerir as pausas que se vão fazendo, por isso antes das ditas e merecidas férias talvez possamos:
- Fazer um balanço da forma como correu este ano de trabalho. Isto é, não só as dificuldades que se teve, mas também as conquistas, o que se aprendeu, o que mudou à nossa volta e o que mudou em cada um de nós;
- Que férias preciso? Nem todos gostamos ou precisamos das mesmas coisas nas férias e, às vezes até ao nível familiar ou de amigos com quem partilhamos as férias, pode haver diferentes objectivos relacionados com as férias. Talvez tenha que haver alguma negociação mas se não souber do que preciso, mais dificilmente as férias me vão trazer bem-estar, descanso e energia. E tal como referido acima, não nos esqueçamos que não basta recuperar mas também energizar.
- Planear o pós-ferias fará sentido? Para alguns/as sim, pensando naquilo que se tem que deixar adiantado/preparado antes das férias, bem como enumerar quais serão os objectivos e projectos após as férias. Talvez assim, se consiga estar nas férias com maior segurança e a adaptação ao regresso ao trabalho corra melhor.
Independentemente da situação profissional e académica de cada um/a, esteja a trabalhar ou não, mais ou menos satisfeito/a com a situação profissional, serão sempre importantes não só os momentos de desafio e de stresse mas também os momentos de recuperação e de energização, momentos em que fazemos o que nos dá prazer. Assim, “é possível criar e desenvolver competências de desempenho e competências de vida por via da regulação emocional. São estas as ferramentas com que trabalhamos para ajudar as pessoas dentro de equipas a produzirem mais, a sentirem-se melhor e a manterem estados de desempenho, satisfação e saúde ideais.”(p.36).