Artigo por Marta Alves
A forma como trabalhamos e os serviços que prestamos podem e devem ser planeados e preparados. Porém, estamos a lidar com uma pandemia que nos impulsionou a encontrar novas formas de trabalhar e a criar respostas para situações que não tínhamos até há bem pouco tempo equacionado.
Devido à necessidade de isolamento, muitos de nós estamos neste momento em teletrabalho. Para quem tem filhos e está em teletrabalho, tem sido um desafio com várias variáveis e algumas incógnitas. É certo que algumas dessas variáveis são: o tipo de trabalho que temos que realizar, a idade dos filhos e necessidades dos mesmos e a existência ou não de outra pessoa com quem possamos partilhar o cuidado dos filhos.
“…Para quem tem filhos e está em teletrabalho, tem sido um desafio com várias variáveis e algumas incógnitas.“
É excelente ter mais tempo para a família mas existem também os prazos de entrega, os compromissos profissionais, os clientes e a dúvida de quando é que se vai conseguir realizar esta ou aquela tarefa. Torna-se necessário criarmos algumas orientações para gerirmos os dias, tais como:
- Tendo em conta as rotinas dos seus filhos, identifique os horários em que conseguirá à partida estar mais disponível para o trabalho (ex., quando faz a sesta ou quando está a brincar com alguma coisa que o entretém mais tempo) e aproveite esse tempo para realizar as tarefas mais importantes para esse dia.
- Identifique também os momentos mais críticos para a conciliação com o trabalho (ex., momentos de refeição, momentos de sono/adormecer) e contemple os “imprevistos”, isto é, aqueles momentos inesperados em que lhe é solicitada mais atenção pelos seus filhos. Aceite esses momentos e tente dar resposta a estas necessidades.
- Identifique as tarefas em que precisa mesmo de estar exclusivamente dedicado ao trabalho. Realize essas tarefas quando outra pessoa puder estar com os seus filhos, ou quando eles já estiverem a dormir, ou pondere delegar alguma tarefa.
- Escolha para trabalhar o local que lhe permitirá estar mais sossegado, no caso dos seus filhos já poderem estar sozinhos; no caso dos seus filhos serem mais dependentes da sua vigilância, escolha para trabalhar o local da casa em que eles estarão mais entretidos a realizar outras tarefas. Mantenha os espaços organizados mas reserve apenas um ou dois momentos dos dia para arrumações.
- Fale com colegas e amigos que estão a passar pela mesma situação.
- Organize o seu dia mais por tarefas e objectivos do que por horários. Lembre-se dos seus objectivos profissionais, tê-los presentes vai dar mais sentido ao trabalho que está a realizar e aos desafios que está a ultrapassar.
- Mantenha rotinas para si e para os miúdos (ex., vestir, higiene e refeições).
- Reflicta diariamente sobre o que de melhor lhe aconteceu nesse dia, sinta-se grato por isso e valorize as suas conquistas.
- Aceite as “derrotas“, como momentos em que não teve paciência ou estava cansado, ou em que não trabalhou como gostaria, pois vão fazer parte deste nosso novo contexto. Depois, identifique os recursos de que dispõe para não cometer os mesmos erros.
- Cuide-se: reserve algum tempo do seu dia para estar sozinho, descansar ou fazer atividades de lazer
- Limite a utilização do telemóvel. Apesar de ser importante interagirmos com outras pessoas, estar constantemente a verificar o telemóvel levará a um maior cansaço físico e mental e roubará tempo para tarefas importantes do seu dia.
- Comunique aos seus filhos e a outras pessoas com quem esteja em casa os momentos em que precisa de estar mais concentrado no seu trabalho.
Cada família e cada trabalhador deverá encontrar as estratégias que mais se adequam às suas características e necessidades.
Por último, será importante que tentemos levar estas circunstâncias em que vivemos com a maior naturalidade possível. Também nós poderemos ter tido contacto com o trabalho dos nossos pais ou de outros familiares e cuidadores e sabemos que certamente esse contacto teve influência no nosso desenvolvimento vocacional e profissional, portanto é natural que partilhemos e vivenciemos também com os nossos filhos o que é o nosso trabalho e em que consiste.
“Acordar, meter os pés no chão.
Levantar, pegar no que tens mais à mão.
Voltar a rir, voltar a andar…
Voltarei!”
–Tim, Voar