Artigo por Ana Sofia Nobre
“A entrevista de emprego pode levar-nos a verdadeiras mudanças, mudanças que podem acontecer no verdadeiro sentido do termo relacionadas com novas oportunidades de emprego, novas funções, novos cargos ou até porque marcam o tão desejado início de uma carreira em determinada área, assim como todo o leque de mudanças, não tão visíveis, mas que também podem acontecer dentro de nós, ainda que tenhamos ouvido um “não” ou apenas silêncio do outro lado, se ousarmos reflectir sobre pontos de melhoria, por exemplo.”
Foi com este mote que no artigo “Entrevista de emprego: 5 Sim’s”, partilhei convosco 5 pontos relacionados com a dimensão comportamental/cognitiva, que considero essenciais num processo de entrevista de emprego, com vista a que na “Hora H”, possamos ficar mais próximos do “Sim”.
Comprometi-me também que partilharia convosco o “outro lado da moeda”, ou seja, 5 Não’s que nos podem afastar dos desejados sins.
Definir de forma clara alguns limites organizadores do nosso discurso e postura no momento da entrevista e ter consciência que nalgumas situações posso sentir mais dificuldade em respeitar esses mesmos limites, é um processo de reflexão importante, que contribui também para a preparação do momento de entrevista.
“Definir de forma clara alguns limites organizadores do nosso discurso e postura no momento da entrevista e ter consciência que nalgumas situações posso sentir mais dificuldade em respeitar esses mesmos limites, é um processo de reflexão importante, que contribui também para a preparação do momento de entrevista.“
Partilho assim convosco, este processo de reflexão que resulta da minha experiência empírica na área e destaco abaixo “5 Não’s” a ter em atenção no momento de entrevista de emprego:
1. Não cobre junto da entidade: nenhuma entidade tem a obrigatoriedade de o integrar na sua equipa. A integração só acontece quando se prevê uma relação win-win entre entrevistado e entidade. Por vezes, quando após várias entrevistas não ouvimos o desejado “sim”, é natural que nos possamos tornar mais reactivos, ficando mais centrados nas nossas necessidades de integração (que são importantíssimas), mas com a percepção de limites e adequabilidade, no momento de entrevista, mais toldados. Verbalizações como “vamos lá ver se é desta”, “é mesmo importante que me dê esta oportunidade, o início da minha carreira está nas suas mãos”, poderão não lhe ser favoráveis no decorrer da entrevista.
2. Não mendigue: “Por favor, preciso mesmo deste emprego”, “eu só quero uma oportunidade”, são verbalizações que demonstram que a integração é efecticvamente importante na sua esfera pessoal, no entanto, não nos podemos esquecer que a cada oportunidade de emprego está associado a um perfil, mediante as necessidades de determinada entidade. Nesse sentido, a abordagem ao mercado de trabalho deve ser reflectida, sendo essencial que no momento de entrevista possamos evidenciar de que forma o nosso percurso e características se podem aproximar desse mesmo perfil, de que forma crio valor para a entidade. Um discurso centrado apenas na necessidade de integração profissional, não evidencia os contributos que poderá dar junto da entidade.
3. Não se centre em aspectos menos positivos: todos temos aspectos a melhorar quer ao nível pessoal quer ao nível profissional, não se trata de esconder ou distorcer os nossos pontos menos positivos, trata-se de utilizar o tempo de entrevista, centrando o discurso numa perspectiva positiva sobre si e sobre as suas características, realçando aquelas que mais se alinham à vaga em questão.
4. Não liste as suas características, sem indicar como e onde as desenvolveu: listar em momento de entrevista um conjunto de adjectivos favoráveis à nossa pessoa, ainda que correspondam de forma realista às nossas competências, não soa muito bem. Para evidenciar essas mesmas características há que enquadrar, quando e como as desenvolveu ou dar exemplo concretos de momentos em que foram essenciais no seu dia a dia na tarefa/situação x ou y.
5. Não vá de mãos dadas com a ansiedade: a ansiedade não tem um papel necessariamente negativo, determinados níveis de ansiedade associados por exemplo a uma entrevista, poderão levar a que invista mais na sua preparação, no treino, que esteja mais alerta no momento da entrevista, etc. No entanto, a mesma ansiedade, em níveis mais elevados, poderá também condicionar o desempenho, levar a que tenha uma linguagem não verbal que evidencie o quão desconfortável possa estar a ser aquele momento, conduzir a algum bloqueio de raciocínio, fazer com que adopte um discurso com uma velocidade de locução super-rápida, que evidencie a vontade de “sair dali”, daquele contexto, o mais rápido possível. Deste modo, reflectir sobre a forma como vive o momento de entrevista, nomeadamente em relação à gestão da ansiedade poderá ser um factor importante.
Estes são os meus 5 Não’s! E quais são os seus?