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Em Caso de Dúvida, Mantenha o (este) Charme

Artigo por Ana Catarina Silva

Há alguns anos atrás, uma coordenadora (mais tarde amiga) de uma entidade na qual eu desempenhava funções profissionais, num momento crítico na organização, partilhou comigo um “conselho” (para ela), um mecanismo regulador (mais tarde para mim), adquirido ao longo da sua vasta experiência profissional e de vida: “Em caso de dúvida, mantém o charme”.

Após esta partilha, repetimos várias vezes esta frase, quer em contextos profissionais, quer pessoais e só aos poucos me fui apercebendo da real dimensão e sabedoria útil que nela estava contida.

Se não nos é indiferente para onde queremos ir e onde queremos chegar, não deverá ser igualmente nada indiferente a forma como e quem somos no percurso e quando chegamos.”

Não obstante o “charme” desta frase poder ser interpretado de diferentes formas, partilho-o, hoje, na perspectiva e entendido como os valores, princípios e perseverança que a gestão pessoal de carreira exige e de como os mantermos pode fazer a diferença, seja no processo, seja nos resultados.

Ao longo do nosso percurso de vida, somos constantemente postos “à prova” e são muitas as situações de dúvida, seja por momentos de crise ou críticos no desempenho das nossas funções profissionais, seja por mudanças profissionais impostas ou escolhidas e/ou situação de desemprego.

Além de todas as competências e estratégias usadas, assim como a perspectiva de continuidade na mudança, este “charme”, poderá ser igualmente um forte recurso na nossa prática profissional e de posicionamento no mercado, independentemente da fase / crise em que nos possamos encontrar.

Acrescentando ao “charme” o carácter e a humildade, este poderá ser uma poderosa bússola, mecanismo regulador das nossas acções e auxiliar de memória, do que não devemos/queremos abdicar, da nossa imagem de marca e proposta de valor, independentemente da situação que estejamos a enfrentar.

Para que este “charme” possa efectivamente cumprir este papel, é necessário ter consciência de e definir os nossos valores e princípios, num processo contínuo de auto-conhecimento e de escutar por dentro, materializados na evidência de caracter e assente na humildade.

Há uns dias, tive o privilégio de partilhar e “fazer parte” da alegria de um membro Psicólogo Júnior que concluiu com sucesso o seu Ano Profissional Júnior. Esta conquista pessoal e profissional deste membro, com mais de 50 anos, foi possível depois de alguns anos de muitas dúvidas se este dia chegaria, motivadas por algumas adversidades, sendo a maior e de mais difícil controlo, as impostas por motivos de doença.

Ao longo deste desafio, não obstante todas as adversidades, o carácter e a humildade caracterizaram todo este processo e, se por vezes o caminho poderia ter sido mais fácil com menos “charme”, os valores e princípios não o permitiram, orientando-o, alimentando a sua perseverança e mediando o cumprimento do objectivo, com o maior dos “charmes” – autenticidade e respeito próprio.

Se não nos é indiferente para onde queremos ir e onde queremos chegar, não deverá ser igualmente nada indiferente a forma como e quem somos no percurso e quando chegamos.

Se nas fases mais positivas, produtivas e favoráveis este “charme” transparece e se materializa mais facilmente é, nas fases menos positivas, nos momentos de dúvida e de adversidade que os valores, princípios e perseverança têm maior impacto, potenciando o foco, a mobilização, as acções e os resultados.

A gestão pessoal da carreira é, hoje e sempre, um desafio e uma construção inacabada e, se nos momentos de crise se torna ainda mais desafiante e emergem ainda mais dúvidas, usemos mais este recurso e mecanismo regulador – “Em caso de dúvida, mantenha o (este) charme”.