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Decisões Fundamentadas, Autonomia e Responsabilidade

Artigo por Marta Alves

Ei tenho asas nos pés, tenho asas
Ei tenho molas nos pés, e salto
Ei tenho asas nos pés, tenho asas
Ei tenho molas nos pés, e salto”

 Asas Delta, Clã

“[…] ser psicólogo implica tomar decisões, sermos confrontados com situações novas para as quais temos que dar resposta e ter que encontrar a melhor resposta para um problema

Era uma vez um psicólogo que não tinha dúvidas, todos os desafios lhe pareciam familiares. Para cada situação com a qual se deparava, logo lhe surgia a solução. Não existiam angústias nem necessidade de reflexão, pois para cada problema havia uma solução no seu manual de respostas para tudo. Ora bem… nem este psicólogo nem este manual existem e o que há de mais comum é a necessidade de encontrarmos novas soluções e respostas, de tomarmos decisões e fazermos escolhas.

O trabalho do psicólogo é não raras vezes bastante “solitário”, na medida em que é muitas vezes o único psicólogo na organização ou trabalha de forma independente, não estando inserido numa equipa. Neste contexto, a tomada de decisão poderá ser mais solitária, não partilhada nem responsabilizada em equipa, mas sim uma decisão da sua responsabilidade.

Uma questão relevante na gestão de carreira é aceitarmos os factos. Isto é, aceitarmos aquilo que não podemos mudar e, de facto, ser psicólogo implica tomar decisões, sermos confrontados com situações novas para as quais temos que dar resposta e ter que encontrar a melhor resposta para um problema. Podemos escolher áreas de trabalho mais ou menos rotineiras mas se não temos dúvidas nem temos que reflectir sobre a melhor decisão para um determinado problema, duvido que estejamos a ser (bons) psicólogos. A complexidade das avaliações que fazemos, o enorme leque de respostas que podemos dar e a regulação da nossa prática profissional constituí uma das nossas mais valias enquanto profissionais. Duas questões que penso que nos desafiam a pensar são: no local onde trabalho, o que faço que não poderia ser outro profissional a fazer? e o que poderei fazer mais e melhor neste local/neste contexto dado que sou psicólogo?

Por outro lado, perante alguns dilemas ou tomadas de decisão, devemos reflectir se sabemos porque é que tomámos determinada decisão. Isto é, saber explicar a outros e a nós próprios em que baseámos a nossa decisão. Sendo nós psicólogos, essa decisão deve estar fundamentada, por um lado, na evidência científica e, por outro lado no nosso código de ética e deontologia e nas orientações para as boas práticas do exercício profissional.

Não temos que ter resposta para tudo mas temos que recolher a informação que nos permitirá tomar a decisão que melhor promova a dignidade das pessoas com quem trabalhamos, respeitando a informação quer técnico-científica, quer ética e deontológica. E não temos que “andar sempre sozinhos” nestas decisões.

Partilho neste âmbito alguns recursos da OPP que podem auxiliar em algumas decisões:

Não obstante existem outros recursos, como a supervisão, a intervisão, a partilha com outros colegas ou o questionamento a entidades competentes, que nos poderão ajudar.

Tal como na frase de Kurt Lewin “Não há nada mais prático que uma boa teoria”, podemos não ter a resposta de forma óbvia nem apenas “a” resposta, mas temos ferramentas que nos ajudam a decidir e a encontrar as soluções para as questões e os problemas com que nos vamos deparando. Este processo, apesar de ter algo de solitário tem também muito de construção em equipa pois beneficiamos do legado de conhecimento e orientações que outros colegas já nos deixaram, bem como estamos constantemente a poder criar, propor, debater e investigar novas problemáticas e soluções.