Artigo por Anita Dias de Sousa
A tecnologia vai reinventar o negócio, mas as relações humanas continuarão a ser a chave para o sucesso.
Stephen Covey
Crescemos a ouvir “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Unidade esta, o tempo, tão preciosa e simultaneamente tão repleta de transformações. Contudo, será que faz sentido questionar, “afinal o que não muda?”. Talvez possamos pensar, naquilo, que nos é humanamente mais característico, a nossa autenticidade.
Em tempos, em que existem tecnologias projectadas para reconhecer as emoções humanas, como câmaras e algoritmos. Tempos em que se debatem variadas temáticas ligadas, à Inteligência Artificial (IA)– termo habitualmente utilizado, para tecnologias que colectam dados biométricos, como rostos, vozes, e que, com base nessas informações tiram instantaneamente conclusões sobre as emoções humanas. Em suma, segundo o Parlamento Europeu a IA refere-se a sistemas que exibem comportamento inteligente analisando o seu ambiente, agindo – com algum grau de autonomia – para alcançar objetivos específicos (página 1). Basta pensarmos que a Inteligência Artificial, está presente desde o controlo de fronteiras, através do iBorderCtrl (Intelligent Portable Control System), um programa aplicado às fronteiras da União Europeia, com tecnologias que adoptam o desenvolvimento futuro da Gestão das Fronteiras no Espaço Schengen; Passando pela LinkedIn AI Academy, que utiliza o ‘Jobs You Might Be Interested In’ (JYMBII), um produto que permite às empresas destacar recomendações de empregos; À aplicação em contexto médico, como o CheXzero, uma ferramenta de diagnóstico de IA, desenvolvida por cientistas da Harvard Medical School e da Universidade de Stanford. Em contrapartida, existe uma crescente cotação daquilo que é autêntico e nada melhor que a essência humana, como fonte de inspiração para algo genuíno e único.
“Assim, torna-se essencial pensarmos que o equilíbrio entre emoções, pensamentos e ações é uma conquista que nos permite ter relações de qualidade, autênticas e de confiança, nos variados contextos e sobretudo connosco próprios.“
No livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, Stephen Covey defende que: Quanto mais autêntico se tornar, mais genuína é a sua expressão, particularmente com referência a experiências pessoais e até mesmo dúvidas, mais as pessoas se conseguem relacionar consigo. Isso facilita a expressão delas, tornando-as mais seguras” (página 176). Autenticidade gera confiança e segurança, existindo uma expressão genuína de sentimentos e havendo consequentemente, uma maior correspondência entre pensamentos e acções. A confiança gera um forte sentido de pertença, compromisso, comunicação baseada na honestidade, aumento de produtividade, motivação e criatividade, para criar soluções face aos desafios profissionais.
A este ponto podemos pensar que a IA, apesar da infinita informação à qual tem acesso, não possui naturalmente e de forma inata, a insubstituível autenticidade humana e as características únicas, referentes às nossas próprias histórias, relações e experiências. Em paralelo, existe actualmente uma preocupação em proibir/ parar o desenvolvimento de tecnologias de reconhecimento de emoções, contudo será que esta medida bastará para travar os possíveis riscos associados ao desenvolvimento da IA? Será que não se desenvolverá noutro local? Talvez, acima de tudo, tenhamos de entender como estes sistemas funcionam, investindo também, na definição de limites éticos, com recurso à Psicologia e no desenvolvimento de literacia associada.
Assim, tal como com a IA, quer em contexto pessoal ou profissional, é fundamental conhecermo-nos a nós mesmos, observarmo-nos, antes de qualquer tecnologia, mantendo o que melhor nos define, a nossa autenticidade – insubstituível. Assim, torna-se essencial pensarmos que o equilíbrio entre emoções, pensamentos e ações é uma conquista que nos permite ter relações de qualidade, autênticas e de confiança, nos variados contextos e sobretudo connosco próprios.
Nós somos do tecido de que são feitos os sonhos.
William Shakespeare