Artigo por Ana Leonor Baptista
A discussão em torno da inclusão ou exclusão do uso de uma fotografia profissional no CV não é recente e as opiniões divergem. Abaixo apresento uma súmula dos prós e contras mais referidos.
Prós:
- Marca pessoal
- Os empregadores/recrutadores vão ter acesso à fotografia do candidato mais tarde ou mais cedo (e.g., pesquisa no linkedin)
- Diferenciação
- Somos cada vez mais visuais e as ferramentas de empregabilidade, no todo, têm cada vez mais em conta essa componente visual (e a fotografia é um elemento claramente visual)
Contras:
- Possibilidade de discriminação (em função do género, etnia, idade)
- Pode ser um elemento distractor
- É subjectivo
- Com excepção de empregos como modelo/actor/etc., à partida a fotografia é irrelevante para o cargo
O argumento que considero mais forte nos “prós” diz respeito à marca pessoal. Incluir uma fotografia no CV pode ajudar a desenvolver e solidificar a marca pessoal dos candidatos – do ponto de vista da Psicologia e do comportamento humano, deduzimos (e a investigação sugere) que a associação de um rosto a um nome ajuda a construir confiança, a conhecer, a aproximar. Ao utilizar a mesma fotografia no CV, no perfil do Linkedin, na assinatura de e-mail, o candidato está a criar uma imagem profissional consistente, credível. Inclusive, se pensarmos nos grandes media portugueses, podemos constatar que nas edições digitais e impressas tem sido cada vez mais frequente (desde há alguns anos), a inclusão de uma pequena fotografia dos jornalistas/cronistas junto dos seus artigos – o que, a meu ver, reforça este “poder” da fotografia. E este “pró” liga-se a um outro: as pessoas sentem-se atraídas por imagens, ligadas às imagens (vejamos, por exemplo, o sucesso de redes sociais como o Instagram ou o Tik Tok, que apostam na fotografia e vídeo como conteúdo gerador de interacções entre as pessoas). Ou seja, adicionar um elemento visual ao CV pode contribuir para captar a atenção do empregador/recrutador.
“Pessoal e profissionalmente, quero acreditar que do ponto de vista social e humano nos estejamos a aproximar de uma sociedade que não vai discriminar e desconsiderar um candidato com base em elementos que nada dizem sobre a sua competência e elegibilidade para determinado emprego.”
Por outro lado, e debruçando-me agora sobre os “contras”, é evidente que uma fotografia de um candidato a psicólogo(a)/psicólogo(a) júnior não diz absolutamente nada acerca das suas competências ou do seu ajustamento a uma vaga de trabalho em Psicologia. Também é relativamente evidente que a inclusão de fotografia no CV abre as portas à possibilidade de o candidato poder vir a ser discriminado com base na sua imagem. Não obstante a disposição legal sobre a igualdade e não discriminação no acesso ao emprego e ao trabalho (ler mais aqui), existe um potencial discriminatório na inclusão da fotografia profissional no CV – empregadores/recrutadores poderão considerar factores como a idade, a etnia, a nacionalidade, o género (ou a identidade de género), etc., quando fazem tomadas de decisão relativamente aos candidatos.
Então afinal qual é o veredicto?
Depende… Depende do tipo de empregos a que nos estamos a candidatar, do tipo de cultura das entidades, depende do nosso contexto, do país em que nos encontramos… Por exemplo, de acordo com uma breve pesquisa que fiz, foram vários os artigos que encontrei que referiam que em países como Portugal (França, Bélgica, Espanha, Alemanha, etc.) é, geralmente, recomendado incluir as fotografias, mesmo que os empregadores não o solicitem de forma explícita. Por outro lado, em países como o Reino Unido ou a Irlanda, regra geral não é recomendada a inclusão de fotografias pois a lei laboral anti-discriminação nestes países é bastante rígida e as entidades devem ser capazes de provar que os seus processos de recrutamento e selecção não consideram aspectos como a aparência, a raça, o género, a idade, etc., na avaliação dos candidatos.
Tendo dito isto, parece-me que a tomada de decisão relativamente à inclusão (ou não) de fotografia no currículo, deve ser pessoal – considerando os aspectos supramencionados e pesando os argumentos de ambos os lados da balança. Pessoal e profissionalmente, quero acreditar que do ponto de vista social e humano nos estejamos a aproximar de uma sociedade que não vai discriminar e desconsiderar um candidato com base em elementos que nada dizem sobre a sua competência e elegibilidade para determinado emprego.
E você, o que acha? Colocar fotografia no CV – sim ou não?
https://www.thebalancecareers.com/should-you-include-a-photo-on-your-resume-2063295
https://novoresume.com/career-blog/including-photo-on-resume
https://blog.hubspot.com/marketing/more-trustworthy-website#sm.00006p8bulnusdyapi51vi6fs8ycz
https://www.roberthalf.com.au/blog/jobseekers/should-i-put-my-photo-my-resume-our-advice-no
https://www.forbes.com/sites/robasghar/2013/07/22/no-photo-on-your-resume-and-other-career-advice-you-should-question/?sh=1b79d9aec518