A propósito das tendências da Psicologia para 2024, lançadas pela APA, chamou-me a atenção o artigo “Hope as the antidote”. Para quem, como eu, tem tendência, para ver o “copo meio vazio”, embora faça um esforço para contrariar, a ideia de a Esperança poder funcionar como antídoto, como se colocássemos umas lentes mais positivas em relação ao futuro, pareceu-me uma ideia a explorar. Mais ainda, quando é reforçado que esta é uma habilidade que pode ser apreendida, abrindo assim a possibilidade de, assim queiramos, aumentar a nossa Esperança.
A Esperança encontra-se orientada para a acção, na medida em que resulta na capacidade de definir objectivos, acreditar que é possível atingi-los, através da construção de planos eficazes.
É por isso, um constructo muito útil no campo do desenvolvimento e aconselhamento de carreira. Não há dúvidas que o mercado laboral tem sofrido transformações e actualmente, é necessário dar resposta rápida e actuar perante as circunstâncias e adversidades que vão surgindo, reforçando a necessidade de se agir e manter a motivação, reconstruindo os planos de forma constante, num contexto com mudanças cada vez mais rápidas.
Com base no artigo referido, apresento algumas propostas para que se possa adquirir novos hábitos e colher os benefícios da esperança:
— Dividir os objectivos/metas em pequenos passos: sendo mais fácil manter a esperança sempre que se sente que os objetivos são atingidos, será preferível que estes sejam pequenos e alcançáveis. Desta forma, alcançando conquistas mais frequentemente, contribuirá para que se sinta mais motivado dar continuidado ao seu plano.
— Estar em comunidade: a esperança tem tendência a aumentar quando se está em comunidade, pois há um colectivo que apoia e inspira. Por isso, estar envolvido numa comunidade de pessoas esperançosas pode inspirar e encorajar a atingir os objectivos, sentindo apoio e sentindo-se mais resiliente para superar obstáculos.
— Estar preparado para redireccionar: sempre que existe um contratempo ou damos conta que o caminho que se definiu anteriormente não irá levar ao objectivo, pode sentir-se desmotivação. Estar preparado para alterações, fazer ajustes ao plano inicial pode ajudar a manter a esperança. Além de que reestruturar promove a flexibilidade e também a criatividade.
— Reflectir sobre o passado: embora a esperança esteja, por norma, focada no futuro, revisitar o passado pode apoiar, especialmente se revisitar quando foi alcançado algo realmente difícil. Desta forma, aumentamos a esperança ao recordar do que anteriormente se foi capaz de atingir, apesar da dificuldade experienciada.
— Comemorar vitórias: é importante reservar tempo para reconhecer e comemorar vitórias alcançadas. Este processo dará energia para seguir caminho em direcção à meta.
— Reconhecer que já está a praticar a esperança: é inerente ao trabalho do psicólogo a crença de que se faz parte de uma mudança positiva. Por isso, de uma maneira, ou outra (não há fórmulas certas), este processo já se iniciou.
E como estamos no início de um novo mês proponho, se assim lhe fizer sentido, que inicie novos hábitos de promoção de esperança, começando por nós próprios e depois nos outros!