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Cuide-se para cuidar: O papel do Auto-cuidado na Gestão de Carreira

Artigo por Ana Sofia Nobre

I´m a Psychologist, what’s your superpower?

 

Todos os dias olho e leio esta frase e penso sobre ela. Guardo-a com carinho em local visível, para lembrar o carinho de quem ma ofereceu um dia, mas também como prova de orgulho da minha profissão.

Há dias em que dela tiro a força para enfrentar profissionalmente situações fora da minha zona de conforto, outros dias, olho para ela com sentido de humor e penso (apenas) como ficam bem frases feitas na parede de uma casa.

Na verdade, muito embora o nosso trabalho enquanto psicólogos/as possa promover mudanças positivas, sendo impactante para as pessoas, grupos, organizações e sociedade em geral, nunca vi nenhum psicólogo/a voar os céus, munido de superpoderes ou com a sua capa vermelha (pode ter outra cor se preferirem, mas na minha imaginação seria vermelha) e andar por aí a salvar o mundo – porque somos apenas pessoas.

A prática da Psicologia é por natureza o cuidar do outro e muitas das vezes levamos essa missão de forma demasiadamente profunda (com toda a boa intenção), o que nos leva por vezes a esquecer de nós próprios, a esquecer de que também somos pessoas, e de que também temos de cuidar de nós e da nossa saúde física e psicológica.

Regemos a nossa prática (sempre) pela evidência científica, mas por vezes esquecemo-nos dela no nosso dia-a-dia, nomeadamente no campo do Auto-cuidado.

“(…) , a evidência científica demonstra que a ausência de Auto-cuidado compromete uma prática profissional competente, demonstra inclusive que há uma relação directa entre o Auto-cuidado e a competência profissional, porque nós somos a nossa ferramenta de trabalho”

E de certa forma, o próprio esquecimento do Auto-cuidado é em si um contrassenso, é deixado para segundo plano porque não temos tempo; é deixado para segundo plano porque estamos mais preocupados com a nossa actividade profissional e porque queremos muito fazer um bom trabalho… “fica para depois”, “talvez um dia”; é deixado para segundo plano porque é mais fácil colocar ou outros a pensar nas suas vidas, do que pensarmos na nossa, ou por tantas outras razões. Eu própria já o deixei para segundo plano tantas e tantas vezes.

No entanto, a evidência científica demonstra que a ausência de Auto-cuidado compromete uma prática profissional competente, demonstra inclusive que há uma relação directa entre o Auto-cuidado e a competência profissional, porque nós somos a nossa ferramenta de trabalho.

Se nós não cuidamos de nós, não conseguimos cuidar dos outros pelo que, embora o Auto-cuidado seja uma opção/dimensão individual que envolve várias áreas da nossa vida pessoal e profissional, deixa de o ser quando a ausência de espaço para o Auto-cuidado na nossa profissão compromete a nossa competência, logo torna-se um imperativo ético.

Investir na nossa gestão de carreira, é também, nunca esquecer o espaço que o Auto-cuidado deve ter nas nossas vidas, por nós, por quem nos rodeia, por quem nos procura, pela nossa carreira e pelos princípios que orientam a nossa prática profissional.

Não se esqueça, eu vou tentar fazer o mesmo…Cuide-se para cuidar!

P.S – uma estratégia cognitiva eficaz para lidar com as exigências profissionais é recorrer ao sentido de humor. Fica a dica!