Artigo por Ana Leonor Baptista
Conforme introduzi no artigo “O que Dizem as suas Crenças? ”, as nossas crenças poderão (ou não) ser promotoras de auto-eficácia e facilitadoras do alcance de objectivos e promoção do sucesso. É importante que possamos reflectir sobre as crenças que temos relativamente à carreira, de forma a percebermos onde é que as mesmas nos podem estar a limitar, em termos de campo de acção. Abaixo, deixo algumas estratégias que o poderão apoiar no desenvolvimento da auto-eficácia e na sua gestão pessoal de carreira:
“[…] se eu sinto que tenho tido sucesso na realização de determinada tarefa, eu convenço-me de que tenho competências e capacidades para ter sucesso noutra actividade que queira fazer.”
Identifique experiências de sucesso. Tal como no caso das bolas vermelhas [ver artigo anterior], as suas experiências de êxito continuado/repetido na execução de determinadas tarefas/actividades, proporcionam-lhe pistas sobre o seu sucesso futuro – se eu sinto que tenho tido sucesso na realização de determinada tarefa, eu convenço-me de que tenho competências e capacidades para ter sucesso noutra actividade que queira fazer.
Aprecie e internalize os comentários dos outros. Quando o indivíduo está “dominado” por crenças limitadoras, tende a desvalorizar aquilo que as contraria. Esteja atento aos reforços positivos e ao feedback construtivo que recebe do outro, pense sobre ele e sobre o seu posicionamento face ao mesmo.
Defina metas realistas. Pense sobre os seus recursos e defina objectivos que sejam alinhados com a sua situação. Por exemplo, se está à procura de trabalho na área da Psicologia e, simultaneamente, mantém um emprego em full-time noutra área, reflicta sobre quanto tempo disponível tem, por semana, para dedicar à procura de emprego – tendo encontrado esse número de horas, pense agora no tempo despendido a fazer uma análise de mercado de trabalho, a ajustar o seu CV a determinada candidatura, a redigir uma carta de motivação personalizada – depois de ter todos estes elementos em consideração, defina o número de candidaturas que quer apresentar por semana (nunca poderá ser um número muito elevado, pois tal não é realista para a situação em que se encontra – e perante objectivos irrealistas, o indivíduo tende a desmotivar e, por conseguinte, a não se esforçar para a concretização).
Conheça-se. Um passo fundamental para desconstruir crenças limitadoras é o auto-conhecimento, enraizado numa postura atenta face ao que está em seu redor. Pegando na primeira crença que referi no artigo anterior, sobre a idade – será que a minha idade me prejudica? Ou será que a minha idade, a minha maturidade, as minhas experiências, as competências que adquiri ao longo do meu percurso, e a minha preocupação com a actualização de conhecimentos me valorizam? Se eu me reduzo a um número, eu não permito que o outro veja para além do número.
Posicione-se. Focando agora na segunda crença referida, sobre a inexperiência. Será que um recém-diplomado em Psicologia não sabe mesmo fazer nada? Um diplomado tem 5 anos de formação académica que incluem um estágio curricular. Para além disto, regra geral, soma outras experiências – desde outros empregos, a carreiras prévias noutras áreas, ao voluntariado, ao associativismo, ao desporto, à música… Uma das tarefas essenciais para um posicionamento adequado é a de mapear competências e reflectir a sua utilidade para o mercado de trabalho. O posicionamento remete também para o estabelecimento de objectivos… Frases (muito comuns) como “eu estou disponível para fazer tudo, quero é trabalhar” não dizem rigorosamente nada sobre quem eu sou e quais as minhas competências e, na realidade, poderão apenas significar que eu não tenho foco, ou que não sei o que quero. Deste modo, para me posicionar, eu devo reflectir sobre os meus interesses, competências e objectivos e assumir um papel activo na minha gestão de carreira.