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Candidaturas (Pouco) Espontâneas

Artigo por Joana Almeida Monteiro

Os potenciais empregadores são como todas as outras pessoas. Querem sentir-se especiais, perceber porque são preferidos face aos demais. Precisam de perceber porque são abordados e com que intenção.

É como num namoro: quem é que se sente valorizado se percebe que recebeu a mesma sms a convidar para sair que mais outras 20 pessoas? Quem envia a sms pode achar que está a maximizar as suas chances, mas estará realmente a valorizar quem recebe o convite?

Os potenciais empregadores são como todas as outras pessoas. Querem sentir-se especiais, perceber porque são preferidos face aos demais. Precisam de perceber porque são abordados e com que intenção.”

Menos é mais. Para conseguir “namorar” bem uma possibilidade de emprego é preciso investir em conhecer a entidade, em perceber para quem trabalha, que serviços tem. É preciso escutar, observar e compreender as suas “dores” e preocupações (ou seja, as suas necessidades) e de que forma as vamos ajudar a sanar (o que temos para oferecer?). E “namorar” exige investimento intencional, exige que não tenhamos outros “alvos de namoro” a concorrer.

As candidaturas espontâneas foram tão utilizadas nas últimas décadas que perderam o seu valor, e muito graças ao facto de serem geralmente mal feitas.

Quando entramos num modo “de sobrevivência” às vezes temos tendência para não analisarmos com atenção as informações, para cometer erros de escrita, para enviarmos o anexo errado no e-mail. Podemos chegar ao final com uma falsa sensação de dever cumprido.

Por exemplo, é como se o nosso objectivo fosse derrubar uma lata com uma bola. Se atirarmos 1000 bolas sem fazer pontaria pode ser que uma delas lhe acerte. Mas poderá valer mais a pena atirar apenas uma, a fazer pontaria, para mais rápida e eficazmente alcançarmos aquilo a que nos propúnhamos.

Como devemos, então, encarar as ditas candidaturas espontâneas:

  1. Reflicta: o que é que quer? Que competências o tornam um Psicólogo diferente dos que têm um percurso parecido com o seu? Em que região geográfica pretende trabalhar? A que necessidades de intervenção gostaria de dar resposta?
  2. Faça um plano: Que entidade pode “encaixar” no que considera que pode ser a melhor candidatura? A quem é que pode dar o seu melhor contributo?
  3. “Namore” a entidade: Procure saber tudo sobre ela. Explore o seu website, veja no LinkedIn quem são as pessoas que lá trabalham, que competências têm. Procure perceber o que a entidade valoriza, qual a sua missão e de que forma é que pode ser um Psicólogo a contribuir para essa missão.
  4. “Deixe-se de parte”: Parecerá, talvez, um contra-senso, mas esta candidatura não é sobre si. É essencialmente sobre a entidade que está a “namorar” – o que é que ela ainda não tem e vai passar a ter com o seu contributo. Procure evitar o foco no “eu, eu, eu”, seja assertivo e comunique de forma clara a sua proposta de valor. Encontre forma de, neste “namoro” não ser apenas mais um candidato, a tentar a sua sorte indiscriminadamente. Faça a entidade sentir-se “aquela”.
  5. Seja minimamente espontâneo: o que não significa não preparar cuidadosamente esta candidatura, mas sim ter um discurso (escrito, se for um email ou carta, oral, se for um pitch em vídeo ou pessoalmente) que não é algo “standard” ou demasiado formal. Seja genuíno, directo. Utilize a empatia para procurar compreender como é que a pessoa que recebe a sua mensagem (sim, porque há sempre uma pessoa!) irá interpretá-la, o que irá pensar.

Para quem se encontre um pouco mais frustrado ou se sinta ansioso com a necessidade de encontrar uma oportunidade de trabalho, poderá parecer que ao reduzir o número de candidaturas estará a ser menos ambicioso na procura. Muito pelo contrário: está a utilizar um foco e a colocar intencionalidade nas suas acções. É um passo à frente na maturidade de carreira e o ficar mais próximo dos resultados que pretende.

Boa sorte!