Artigo por Vanessa Yan
Nota introdutória: adoro citações! Para mim, são como pequenas parábolas que traduzem e simplificam as complexidades da vida. Por isso, desta vez vou abusar deste artifício… espero que vos possa ser útil. Partilhem as vossas citações preferidas no nosso blog!
“Comece onde está, use o que tem e faça o que pode.” (Arthur Ashe, tenista Norte Americano)
Esta frase está presente em muitos sites, mais ou menos motivacionais, e é daquelas frases que gosto sempre de revisitar quando sinto que já estou a acumular demasiadas tarefas e demasiadas preocupações, entrando naqueles frenesins de produtividade que, invariavelmente acabam mal, sobretudo quando não se seguem momentos de restauro de energia. Ao ler esta frase, fico estimulada a fazer uma espécie de “reset” relativizador à mente e, uma das primeiras coisas que faço nessas alturas é respirar fundo e, lá está, parar… ao parar, muitas “epifanias” vêm de repente à mente, como quando um lago está tranquilo e finalmente conseguimos ver o seu fundo. Muitas pessoas têm desses momentos a tomar duche ou simplesmente a caminhar, porque o cérebro libertou-se momentaneamente do que o arreliava e a criatividade pôde vir ao de cima. Foi o que me aconteceu nas miniférias que tive e que aproveitei para pôr alguma da leitura em dia.
A frase lá de cima surgiu-me após ter lido dois artigos nestes últimos dias pós-festividades: um deles foi sobre resoluções de Ano Novo. A ideia que retive desta leitura foi que, embora o Ano Novo seja uma altura em que nos apetece reiniciar e reflectir sobre a nossa vida (e sobre um novo ciclo de 12 meses), querer começar do zero é “desrespeitoso para com os projectos, objectivos e aspirações” que já tínhamos iniciado e que criar novas resoluções não deve significar livrarmo-nos do que já estamos a fazer agora. “Em vez de procurar algo que o apaixona, apaixone-se por algo que já está a fazer” (Seth Godin).
Outro artigo que li e que me acrescentou foi sobre a diferença entre comportamentos aditivos e comportamentos subtrativos (da colega Marta Pimenta de Brito, autora também da última Webtalk #25 OPP ). Basicamente, se os comportamentos aditivos adicionam coisas (muitas vezes supérfluas ou mesmo prejudiciais) à nossa vida, numa espécie de “fuga para a frente”, como reacção a uma insatisfação com a vida, como é o caso do “consumo ou o consumo excessivo de álcool, tabaco, (…), jogo, internet, comida e exercício físico”, os comportamentos subtractivos procuram simplificar os dias, estimulando uma resposta mais estratégica para lidar com as dificuldades, como a procura de “uma ajuda especializada de um profissional de saúde mental, um retiro espiritual, (…) uma supervisão profissional, (…) um hobby (…)”. “O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo” (provérbio chinês). Depois das festividades, pode mesmo ser um excelente conselho para nos “livrarmos” de alguns excessos cometidos!
Sugestão de exercício:
“(…) se queremos manter o equilíbrio entre o que entra e o que sai – como numa osmose – temos também de pensar no que queremos manter ou mesmo retirar. Não nos focarmos apenas nos comportamentos aditivos – o que quero fazer, o que quero ganhar – mas dar também espaço aos comportamentos subtractivos, que promovem uma paragem estratégica e uma (re)construcção do nosso propósito, quer pessoal quer profissional (…)”
De vez em quando, no balanço que invariavelmente fazemos às nossas vidas (e que a pandemia trouxe com ainda mais força), faça-o através de 3 listas: Escreva: “Neste momento da minha vida… O que quero retirar? O que quero manter? O que quero trazer/começar? Este exercício tão simples é também muito poderoso porque nos permite tomar consciência do rumo que estamos a dar aos nossos dias e se ele ainda está em sintonia com o que somos a cada momento.
Normalmente, como no caso das resoluções de Ano Novo, focamo-nos mais no que queremos começar ou trazer para as nossas vidas, mas se queremos manter o equilíbrio entre o que entra e o que sai – como numa osmose – temos também de pensar no que queremos manter ou mesmo retirar. Não nos focarmos apenas nos comportamentos aditivos – o que quero fazer, o que quero ganhar – mas dar também espaço aos comportamentos subtractivos, que promovem uma paragem estratégica e uma (re)construcção do nosso propósito, quer pessoal quer profissional, abrindo caminho também ao sentimento de gratidão por aquilo que temos e não pelo que nos falta.
“O conhecimento é o processo de acumular dados; a sabedoria reside na sua simplificação.” (Martin H. Fischer)
Here’s an Alternative For New Year’s Resolutions: Don’t Make Them (Sergey Faldin), Medium, 2019.
Comportamentos aditivos e subtrativos (Marta Pimenta de Brito), Observador, 2022.