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Adicionar Psicólogo/a ≠ Adicionar Amigo/a

Artigo por Edite Queiroz

Conforme abordado em artigos anteriores, as redes sociais há muito superaram o seu papel original de plataformas de socialização e constituem hoje um poderoso aliado numa dimensão profissional: Utilizadas da forma certa, facilitam não apenas a divulgação dos serviços prestados, mas a demonstração de experiência, a promoção e manutenção de uma rede de contactos profissionais e a promoção contínua de uma identidade e marca profissional. São ainda importantes veículos de difusão de informações fidedignas e potencialmente úteis que, por exemplo, possam aumentar o conhecimento da comunidade sobre saúde psicológica e sobre a relevância social dos psicólogos e psicólogas. No entanto, podendo ser propositadamente utilizadas como ferramentas de marketing e literacia, as redes sociais comunicam informações diversas sobre o nosso perfil pessoal e profissional, das quais nem sempre temos total consciência. Como tal, apresentam algumas armadilhas no âmbito da gestão de carreira, em especial no que concerne às necessárias fronteiras entre as esferas pessoal e profissional.

Não raras vezes, a sua utilização massiva e a sua linguagem informal dificultam o seu uso criterioso e o estabelecimento de limites entre o que podem ser partilhas favoráveis à manutenção de uma imagem profissional positiva e outras que, de forma legítima ou enviesada, podem impactar negativamente a percepção de credibilidade e competência do/a profissional em causa. Alguns exemplos de comportamentos de risco neste âmbito incluem adicionar clientes à lista de “amigos” ou emitir opiniões pessoais desconsiderando a responsabilidade social e deontológica dos profissionais da Psicologia. A este propósito, recordemos que a prática profissional não se reduz ao acto psicológico ou à acção directa em contexto profissional, mas compreende ainda a utilização ou aplicação de conhecimentos, termos ou grelhas de leitura da Psicologia noutros contextos, pelo que todos/as os psicólogos e psicólogas têm a obrigação ética de ser responsáveis nas suas declarações públicas, independentemente das mesmas se referirem, ou não, a aspectos da ciência psicológica.

Algumas regras básicas podem ajudar a minimizar estes riscos. No que diz respeito às conexões, é útil ter o cuidado de assegurar que conhecemos a pessoa antes de a adicionar (resistindo à tentação de aumentar indiscriminadamente o número de contactos) e de não aceitar pedidos de conexão de clientes, já que tal consubstanciaria uma relação múltipla, interditada pelo Código Deontológico. Podemos também utilizar as definições de privacidade por forma a restringir o acesso a determinados dados e conteúdos (por exemplo, álbuns de fotos pessoais) a contactos específicos (amigos próximos vs. conhecidos) ou ainda distinguir contas pessoais e profissionais, mesmo implicando criar contas distintas na mesma rede. No que respeita às publicações, é importante verificar cuidadosamente os conteúdos, assegurando que são expressos numa linguagem que diminui a probabilidade de ilações ou interpretações equivocadas. Outra das regras de ouro passa por nunca divulgar comentários ou fotos sobre acções profissionais que envolvam clientes específicos (mesmo ocultando a sua identidade). Quanto às mensagens privadas, a interacção com clientes ou potenciais clientes em redes não profissionais (exclui-se aqui o LinkedIn) deve ser desencorajada. Por fim, recordemos que os comentários e reacções noutros perfis também informam sobre nós, pelo que é importante lembrar que o nosso mural é apenas um dos locais onde a nossa presença online pode ser alvo de atenção. Desta forma, aos comentários noutros locais devem aplicar-se as regras das publicações próprias. Em todos os contextos – as redes sociais não são excepção – a imagem e a palavra são os nossos cartões de visita.