Artigo por Rodrigo Dumas Diniz
Não há como o negar: A saúde mental é uma das grandes bandeiras deste século. As recentes viragens socioeconómicas e políticas têm colocado a psicologia, enquanto ciência, na linha da frente para responder aos desafios societais. No entanto, enquanto profissão, tropeça num mercado de trabalho incerto e, por vezes, ainda adverso para os seus profissionais.
O apelo por psicólogos/as tem aumentado, mas as oportunidades parecem não acompanhar a necessidade — existem aproximadamente 2,5 psicólogos por 100.000 habitantes em Portugal —, um retrato que penaliza não só os profissionais da área, mas também resvala na sociedade, que fica em risco de ver as suas necessidades psicológicas subatendidas.
Este panorama não é feito apenas de números. A par da discrepância entre oferta e procura, desenha-se um mapa de desigualdade pelo território português. A concentração de oportunidades de emprego e estágio nos grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto, cria um vácuo de serviços nas zonas periféricas e rurais. A centralização não desafia apenas a integração de psicólogos e psicólogas no mercado de trabalho, ela realça uma disparidade preocupante no acesso aos cuidados de saúde mental (e não só).
O impacto da digitalização na procura de emprego
A transição digital redefiniu a forma como procuramos emprego. Se, antigamente, o folhear das páginas de um jornal ou a entrega em mão de um currículo impresso em papel ritualizavam esta procura, hoje, o cenário é outro. Os protagonistas desta mudança, o teclado e o ecrã, derrubaram barreiras geográficas, possibilitando a todos explorar diferentes oportunidades, à distância de um clique. Entre os diversos sites, destaco:
— Bolsa de Emprego OPP: Recurso gratuito e exclusivo para membros efectivos da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), na sua área pessoal (separador “Serviços”), que actualiza regularmente ofertas de emprego, estágios e bolsas de investigação na área da psicologia.
— Newsletter BE-DP: A pensar em quem ainda não está inscrito na OPP, a newsletter semanal está disponível para subscrição gratuita e permite o acesso à listagem das oportunidades publicadas na BE OPP, bem como o acesso integral a ofertas de estágios e bolsas de investigação.
— Bolsa de Emprego Público: Portal de concursos de emprego no sector público, que detalha os processos de recrutamento e reafectação de recursos humanos de áreas da administração pública.
— SIRGHE: Plataforma interactiva dedicada à gestão de recursos humanos na área da educação, permitindo a candidatura a vários estabelecimentos de ensino por ano lectivo.
— EURAXESS: Operado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, é uma ferramenta orientada para a área da investigação e que reúne bolsas oferecidas por universidades e centros de investigação.
— LinkedIn Jobs: Mais do que uma rede social profissional, tornou-se uma ferramenta de recrutamento essencial tanto para as empresas como para os candidatos.
— Facebook e Instagram: Embora menos tradicionais, estas redes são utilizadas por várias entidades para partilhar oportunidades. Existem também perfis e grupos, p. exemplo o “PsiJobs & Traineeships” ou “Projeto Quero Ser Psicólogo“, que reúnem ofertas de Psicologia publicadas nestes canais.
— Google Jobs: Tirando partido do vasto ecossistema da web, esta ferramenta da Google reúne ofertas de várias plataformas. Permite filtrar por região, tipo de oferta e data de publicação.
— Net-Empregos: Sendo já uma referência para encontrar trabalho em Portugal, esta plataforma abrange um vasto leque de sectores, incluindo a Psicologia.
Outras alternativas no mercado são:
IEFP, Jooble, EmpregoMais, Indeed, Jobtide, CareerJet, Jobted, Egor, Expresso Emprego, Sapo Emprego, Adecco, Base de Dados Social.
Este avanço vai além da conveniência. Seria redutor olhar para estes sites e plataformas como meras vitrines de vagas. Elas tornaram-se, na sua essência, um barómetro do mercado que nos ajuda a entender os contornos da profissão. Perceber que vagas e perfis estão disponíveis permite identificar as áreas em crescimento e as competências que as empresas valorizam.
Esta análise, quando bem aproveitada, abre a porta a um planeamento futuro mais informado, onde a aquisição de novas competências, formações ou experiências se alinham com um perfil desejado. A capacidade de nos adaptarmos e evoluirmos com as mudanças, tirando partido das ferramentas disponíveis, pode ser o elemento-chave entre encontrar o emprego ideal ou continuar a procurar.
No fim de contas, o cenário da empregabilidade em psicologia não é uma ilha isolada. Espelha a forma como nós, psicólogos, as instituições de ensino, os empregadores e os órgãos governamentais encaram(os) esta realidade. A psicologia, na sua dupla função de ciência e profissão, continuará a exercer um papel determinante. Valorizá-la como profissão é valorizar uma sociedade melhor.