Artigo por Ana Sofia Nobre
O conceito diversidade anda lado a lado com a Psicologia, ora pelas características do seu objecto de estudo, ora pela multiplicidade de abordagens, formas e contextos de intervenção, na tentativa de cobrir enquanto área uma realidade complexa, em constante transformação.
A pluralidade da Psicologia enquanto área, junta-se à nossa própria diversidade enquanto indivíduos. Temos histórias de vida e vivências diferentes, interesses e aptidões diferentes, tomámos a decisão de estudar Psicologia e descobrimos a Psicologia em momentos de vida também eles possivelmente diferentes ou particulares e é no casamento desta diversidade, que surgem os nossos percursos de carreira enquanto psicólogos.
“Não há uma linha que separa a pessoa que sou do psicólogo em que me tornei, por isso o conhecimento que vamos adquirindo no nosso percurso enquanto psicólogos, sempre baseado na evidência científica, vai também ter impacto na pessoa que sou e na relação que tenho com o mundo.“
Claro que ao olharmos para a diversidade da nossa área, este olhar não exclui nem anula aquilo que nos é comum enquanto psicólogos – a nossa identidade colectiva. E sabemos que na base desta identidade colectiva, seja qual for a nossa área de intervenção, a mesma está assente em evidência científica. O “achismo” não faz parte da intervenção psicológica e essa é inclusive uma forma de diferenciação da Ciência e da Pseudociência, independentemente dos diferentes percursos profissionais dentro da Psicologia.
No artigo desta semana, gostaria de partilhar convosco um processo de reflexão que tenho vindo a tecer há algum tempo e que este ano inclusive fruto destes momentos tão desafiantes que todos nós temos vivido, devido à pandemia, se tem revelado cada vez mais útil. Passa por assumir que embora existam várias áreas da Psicologia sobre as quais possamos não ter desenvolvido um interesse tão profundo (e como tal podem não ser o nosso foco em termos de intervenção psicológica e desenvolvimento de competências), é ainda assim essencial que acompanhemos a evolução do conhecimento científico nessas áreas.
As Ciências Psicológicas, ajudam-nos enquanto pessoas a compreender o mundo nas suas diferentes dimensões, tendo impacto no nosso processo de descoberta pessoal e profissional. Permitem inclusive que, de uma forma mais consciente, nas várias áreas da nossa vida possamos ir fazendo os ajustes que considerarmos necessários para a promoção no nosso bem-estar e daqueles que nos rodeiam, o que por sua vez tem também impacto na nossa intervenção, porque enquanto psicólogos, nós somos a nossa própria ferramenta de trabalho.
Não há uma linha que separa a pessoa que sou do psicólogo em que me tornei, por isso o conhecimento que vamos adquirindo no nosso percurso enquanto psicólogos, sempre baseado na evidência científica, vai também ter impacto na pessoa que sou e na relação que tenho com o mundo.
Deste modo, independentemente das nossas áreas de interesse enquanto psicólogos, as Ciências Psicológicas pelo seu largo espectro podem dar-nos pistas essenciais que poderão ser óptimas ferramentas para gerirmos os nossos relacionamentos, a parentalidade, o trabalho em equipa, para investirmos na promoção do nosso bem-estar, para desenvolvermos comportamentos pró-sociais, para gerirmos no fundo os nossos múltiplos papéis de vida, fases e os seus desafios.
Uma das áreas de especialidade avançada da Psicologia é a Psicologia Vocacional e Desenvolvimento de Carreira, esta área envolve o planeamento, implementação e avaliação de programas de apoio às decisões vocacionais dos indivíduos e à formulação dos seus projectos de vida, mediante a estimulação de competências de auto-conhecimento, de pesquisa e análise da informação e de tomada de decisão. Tal como as outras áreas da Psicologia, muitos colegas (dos quais faço parte), desenvolvem a sua intervenção em torno desta área, mas todos nós enquanto psicólogos contruímos diariamente a nossa carreira, definimos os nossos objectivos e tomamos decisões, no âmbito do nosso desenvolvimento de carreira.
Deste modo, partindo do princípio que todas as áreas de intervenção em Psicologia estão assentes em evidência científica (ainda que possam ou não estar alinhadas com os nossos interesses) e que esse mesmo conhecimento possa ser útil na forma como nos relacionamos com a mundo à nossa volta, gostaria de terminar este artigo partilhando convosco uma questão para reflexão:
Será que manter um olhar atento à evidência científica na área da Psicologia Vocacional e Desenvolvimento de Carreira, poderá dotar-me de ferramentas que possam ser úteis para gerir os meus desafios de Carreira?
Fica o mote…Boas Reflexões!