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7 Cuidados de Carreira rumo ao Bem-Estar e Sustentabilidade

Decorreu recentemente a PsiCarreiras onSummit, que em 2023 se centrou no Autocuidado, pois “Somos a Nossa Melhor Ferramenta”.

Não é sempre muito óbvia a relação entre o autocuidado e a carreira profissional, e menos ainda se se tentar transportar esses benefícios para a produtividade e eficácia na profissão.

No caso concreto dos Psicólogos, por ser da nossa ciência o estudo e intervenção neste âmbito, tendemos a achar que estaremos imunes a precisar de, intencionalmente, investir no nosso cuidado, e também na gestão de carreira de forma compassiva e que favoreça o nosso bem-estar e satisfação.

De entre tantas outras ideias interessantes que foram partilhadas no evento, ficaram-me a ecoar as palavras intencionalidade, vulnerabilidade, equilíbrio e a dicotomia cuidar/ser cuidado.

Permitirmo-nos reconhecer e acolher a nossa vulnerabilidade, como pessoas e também como profissionais, é porta de entrada a uma realidade em que nos permitimos cuidarmo-nos (para melhor cuidar), sendo que para isso precisamos de, de forma intencional, olhar para dentro e perceber de que modo podemos equilibrar-nos.

Assim, e se quisermos – já à laia de resoluções de Ano Novo, que a tantos de nós nos incitam a procurarmos melhorar algo na nossa vida – podemos pensar em 7 ideias para cuidar da carreira em Psicologia, que se podem reflectir no nosso bem-estar.

1. Especialização e Foco em Áreas de Interesse: Procurarmos saber mais sobre assuntos que nos interessam; tanto podem ser mais puramente das ciências psicológicas, mas também em intersecção com outras que consideremos interessantes (tecnologia, nutrição, actividade física, …). Ler, assistir a vídeos, procurar eventos dentro de tais temáticas poderá contribuir para aumentar a nossa satisfação e até a eficácia profissional. Pode, até, dar-nos ideias para novos projectos. Também neste mote da especialização, podemos também investir em “viajar ao passado”, revisitando a nossa carreira, e assim listar e documentar todos os nossos “feitos profissionais”, preencher uma candidatura às Especialidades OPP e ver se o simulador nos mostra o quão perto estamos de alcançar uma Especialidade em Psicologia (nota: na próxima semana decorre mais uma sessão de esclarecimento “Especialidades mais Próximas de Si”, inscreva-se aqui se tiver interesse em participar).

2. Networking Profissional: Como já tantas vezes mencionado, construir e manter uma rede de contatos profissionais é vantajoso a vários níveis. Dependendo do contexto e modalidade de trabalho, podemos sentir-nos mais isolados e sem uma rede de colegas, daí que investir no contacto com os outros beneficia não apenas a nossa carreira mas também alimenta a nossa necessidade de afiliação. Ter relações de trabalho positivas, incluindo uma boa relação com colegas e supervisores, está associado a maior satisfação profissional e bem-estar. Além disso, o investimento em intervisão e/ou supervisão é uma excelente forma de criarmos uma rede profissional, além de investirmos no nosso desenvolvimento profissional.

3. Autoavaliação e Reflexão Profissional: Cultivarmos o hábito de, activa e intencionalmente, pensarmos e nos auto-avaliarmos é saudável e traz frutos, pois aponta-nos aspectos a melhorar. Podemos fazê-lo sozinhos ou procurando apoio profissional, no âmbito do Aconselhamento de Carreira ou Coaching Psicológico. Mantermo-nos alinhados com nossos valores profissionais e pessoais é algo que pode contribuir para uma carreira mais satisfatória. Além disso, a consonância entre os nossos valores pessoais e os valores da organização ou do ambiente de trabalho em que estamos integrados também é um factor importante e que ajuda a que o nosso compromisso profissional seja mais saudável.

4. Investir em Literacia Financeira e Outras Áreas: Muito embora se possa procurar apoio profissional específico, termos mais conhecimento acerca de aspectos financeiros e/ou de gestão é importante para a autonomia da nossa prática profissional e também para ficarmos mais empoderados e auto-confiantes nessa vertente. Deixava como sugestão assistir, por exemplo, à WebTalk #40 “Contabilidade e Gestão Financeira: Ferramentas para uma Gestão Autónoma”. Ter conhecimentos de outras áreas é também enriquecedor e torna-nos profissionais mais completos.

5. Procurar Feedback e Reflecti-lo: Para evoluirmos na carreira, além da autorreflexão é importante considerarmos também o feedback dos que nos rodeiam. Em alguns casos, temos de ser activos na procura desse feedback. Por exemplo, podemos pedir a 3 colegas de profissão em que confiemos que nos digam, com honestidade, se o nosso CV demonstra bem a nossa competência para aquilo a que nos propomos; ou pedir a um colega de trabalho que partilhe connosco em que tipo de funções nos percepciona como sendo mais competentes. Ter informação sobre pontos fortes e pontos a melhorar traz-nos matéria para, podermos fazer uma análise SWOT, por exemplo.

6. Equilíbrio entre o trabalho que preferimos e tarefas acessórias ou menos interessantes: É certamente um desafio exigente, mas encontrarmos um equilíbrio saudável entre as responsabilidades que preferimos (por exemplo, intervenção directa com os clientes) e as tarefas administrativas/organizacionais (ex., escrita de relatórios, organização de bases de dados, gestão da facturação) pode contribuir para evitar um sentimento de sobrecarga de trabalho.

7. Aproximar o Trabalho Possível do Trabalho Ideal: Qualquer que seja a nossa área da Psicologia ou contexto de trabalho, certamente há aspectos que não nos agradam tanto; aceitá-los como parte do todo, ou procurar, se possível, fazer job crafting, podem ser formas de gerir essa questão. Procurarmos ter alguma influência sobre uma dimensão importante da nossa vida é algo natural, e que com pequenos ajustes pode contribuir para uma vivência mais equilibrada e promotora do bem-estar.

São apenas algumas, de muitas, ideias que nos podem guiar para um caminho consciente de cuidado pessoal e profissional. Somos, de facto, a nossa melhor ferramenta.